A extrema direita ganhou neste domingo (30) o primeiro turno de eleições legislativas cruciais na França, onde as forças de centro-direita do presidente Emmanuel Macron ficaram em terceiro lugar, atrás da esquerda. O partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN) de Marine Le Pen e seus aliados obtiveram mais de 34% dos votos, mas terão que esperar pelo segundo turno, em 7 de julho, para saber se alcançam a maioria absoluta na Assembleia Nacional (Câmara baixa). “Precisamos de uma maioria absoluta”, declarou Le Pen diante de apoiadores em seu feudo de Hénin-Beaumont, no norte da França, de onde comemorou que o “bloco macronista” “foi praticamente apagado”. O próprio sistema eleitoral torna incerto o resultado final da Assembleia Nacional, onde os três blocos formados nas eleições de 2022 continuarão, mas com uma nova dinâmica de forças. Seus 577 deputados são eleitos em círculos uninominais com um sistema de dois turnos. Dependendo dos resultados de cada circunscrição, dois, três ou mais candidatos podem ir para o segundo turno.
Com uma participação vista como histórica, às 17h (12h em Brasília), três horas antes do fechamento das urnas, a taxa de votação atingiu 59,39%, 20 pontos a mais do que no mesmo horário em 2022, de acordo com o Ministério do Interior. A ascensão da extrema direita ao poder, pela primeira vez desde a Libertação da ocupação nazista em 1945, poderia colocar mais um país da União Europeia sob essa tendência, como aconteceu na Itália. Isso poderia enfraquecer o apoio de Macron à Ucrânia. Embora o partido de Le Pen, criticado por ser próximo à Rússia de Vladimir Putin, afirme apoiar Kiev, ele também busca evitar um confronto com Moscou. Para evitar uma maioria absoluta do RN e seus aliados, o líder esquerdista Jean-Luc Mélenchon garantiu em coletiva de imprensa que a NFP retirará da disputa seus candidatos que ficarem em terceiro lugar, no objetivo de aumentar as chances de derrotar a extrema direita no segundo turno. Por sua vez, o presidente francês convocou uma aliança “ampla” e “claramente democrática e republicana” contra o RN para o segundo turno. No entanto, ele não revelou se seus candidatos serão retirados da disputa para fortalecer seus rivais da NFP contra a extrema direita. (JP com informações da AFP)