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Itabuna: A santa indelicadeza de Francisco Valdece

por Ornan Serapião
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Descorteses, desabridas e deselegantes foram, no mínimo, as declarações do advogado Francisco Valdece, dados ao repórter Frankivaldo Lima, na última sexta-feira, dia 30. Em entrevista ao programa Impacto da Rádio Boa FM, sobre o atraso da Prefeitura no repasse de dinheiro para a Santa Casa, que contou com a presença da médica Lívia Mendes, secretária de Saúde, o então provedor deu uma aula de indelicadeza e de como não se deve se portar publicamente um dirigente de uma instituição.

Valdece reconheceu que a Santa Casa passa por dificuldade financeira “de há muito, não é de hoje” e fez duras críticas à administração Fernando Gomes que, segundo ele, penalizou a instituição “por conta da troca infinita de secretários de Saúde. Tínhamos um de manhã, outro de tarde e um dos últimos resolveu tomar posse de emendas parlamentares conquistadas pelos nossos diretores em Brasília, dizendo que pertenciam ao município. A Santa Casa perdeu ou deixou de receber cerca de R$ 30 milhões, porque a gestão anterior simplesmente se apossou”.

O provedor revelou que Augusto Castro ao assumir a Prefeitura garantiu que repassaria todos os recursos, hoje em torno de R$ 3,5 milhões. “Existe essa promessa de repasse, mas estamos terminando o mês de abril, mais de cem dias de Governo, e o dinheiro não foi repassado. Isso porque na Secretaria de Saúde as coisas andam muito devagar. Uma mulher tem uma gestação em nove meses, uma elefanta em dezoito meses. Lá na Secretaria a gestação das coisas deve ser em 27 meses, três vezes o que ser humano leva para gestar, porque até hoje não se conseguiu chegar a um determinador e eles fazerem o pagamento. Nós já sabemos que o procurador do município já deu ‘ok’, mas só que lá passa pela controladoria, pela revisão, pela contabilidade, pelo não sei quem. Acho que ele pedem a opinião até do porteiro para fazer o dinheiro sair. É incrível isso”.

Quando deu a entrevista, Francisco Valdece tinha em mãos uma mensagem de Lívia Mendes – profissional que integra o corpo clínico da Santa Casa e ex-diretora do hospital Calixto – garantindo que iria efetuar o pagamento. Mesmo assim, culpou a Prefeitura pelo atraso dos salários dos funcionários. O provedor fala em má gestão, eficiência administrativa cobra muita transparência, mas até o momento não veio às emissoras de Rádio mostrar – de forma clara e objetiva – esclarecer a causa do eterno rombo na instituição e porque a população critica tanto os serviços por ela prestados.

Faltou a Francisco Valdece equilíbrio, lhaneza, polidez, uma dose de humildade e houve excesso de arrogância. Urbanidade no tratamento com as pessoas. O mesmo tratamento que o provedor espera dos pacientes, do SUS ou conveniados da Santa Casa, que – mesmo pagando antecipadamente – pacientemente esperam nas filas dos hospitais Calixto e Novaes para realização de atendimento médico, de exames, e dos funcionários, administrativos, médicos e paramédicos, que de há muito convivem com salários atrasados.

É a forma e o conteúdo. Como diria Robin, o parceiro de Batman: Santa indelicadeza, Valdece!

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