Baba Vanga, uma mulher cega da Bulgária, que ficou conhecida pelas previsões do acidente nuclear de Chernobyl, queda da União Soviética, morte do líder russo Josef Stalin e o 11 de Setembro, também deixou profecias referente ao ano de 2024. Apesar de sua morte ter sido em 1996, suas previsões ainda repercutem no mundo. Para o próximo ano, a mulher, que além de vidente também era curandeira, previu que haverá ataques terroristas na Europa, crise econômica e ataques biológicos e tentativa de assassinato do presidente da Rússia, Vladimir Putin, publicou a ‘Sky History’. Em meio a essa mar de tragédias que podem acontecer no próximo ano, ela previu algo bom: o aumento das descobertas na medicina. Apesar dos acontecimentos de vanga mais populares terem sido os listados acima, ela também teve sucesso em outras previsões, como: secas e inundações em 2022, pandemia de Covid-19, Tsunami de 2014, desastre do submarino Kursk de 2000, e sua própria morte. Ela morreu de câncer de mama aos 85 anos, no dia 11 de agosto de 1996. Seu velório atraiu uma multidão. Apesar de ainda faltar muito tempo, dentre as profecias de Baba Vanga, cujo nome é Vangelia Pandeva Dimitrova, está que o mundo acabará em 5079. Nos últimos dias, uma de suas previsões, sobre uma grande guerra muçulmana, envolvendo Estados Unidos e Europa, está prevista para 2043, ganhou mais força depois da guerra entre Israel e Hamas, iniciada em 7 de outubro. (JP)
Internacional
Lula embarca rumo ao Oriente Médio nesta segunda-feira; saiba mais sobre a viagem
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, comandou neste domingo, 26, a última reunião de coordenação para a viagem presidencial que se inicia nesta segunda-feira, 27. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve passar por quatro países, acompanhado de cerca de 12 ministros, além de empresários, parlamentares, ambientalistas e representantes da sociedade civil. O principal evento é a COP28, que acontece nos Emirados Árabes, mas o presidente também visitará a Arábia Saudita, levando em consideração a necessidade de divulgar obras e empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida que o Brasil quer que sejam financiadas por empresários sauditas. Na sequência, Lula segue para o Catar, onde tem a intenção de negociar a liberação de uma segunda lista de brasileiros que estão refugiados na Faixa de Gaza por causa do conflito entre Israel e Hamas. O Brasil já repatriou cerca de 1.500 pessoas, principalmente turistas que estavam de passagem por Israel.
Para a COP28, o governo brasileiro montou uma comitiva grande e a expectativa é que ocorram mais de 100 eventos durante toda a conferência. O Brasil deve levar resultados positivos de redução do desmatamento, redução de emissão de gases estufa e vai trabalhar para garantir mais recursos para a proteção das florestas nacionais. A Conferência das Partes (COP) é o órgão supremo da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre emergência climática, adotada em 1992, momento em que os países definem metas e prioridades para mitigar os efeitos do aquecimento global. Antes de retornar ao Brasil, Lula passa ainda pela Alemanha, onde vai negociar a possibilidade de se agilizar o fechamento do acordo do Mercosul com a União Europeia (UE). Governo brasileiro se preocupa com a posse do novo presidente da Argentina, Javier Milei, que já declarou ser contrário ao acordo com a UE e à própria participação da Argentina no Mercosul. (JP)
MUNDO DA POLÍTICA: Chanceler de Milei se encontra com Mauro Vieira e entrega convite para Lula ir à posse na Argentina
Javier Milei, o presidente eleito da Argentina, enviou a deputada eleita Diana Mondino para se encontrar com Mauro Vieira, em Brasília, neste domingo, 26. Na reunião, a parlamentar entregou ao ministro das Relações Exteriores do Brasil um convite para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) compareça à posse do novo mandatário argentino, marcada para acontecer em 10 de dezembro. Através das redes sociais, o Itamaraty postou uma foto dos representantes de cada país e informou que a reunião também foi utilizada para discutir aspectos da relação bilateral e do atual estágio das negociações Mercosul-UE. A nota também comunica que os embaixadores do Brasil em Buenos Aires, Julio Bitelli, e da Argentina em Brasília, Daniel Scioli, também marcaram presença. A viagem de Lula para a Argentina neste momento é considerada incerta. Isto porque, durante a campanha eleitoral, Milei chamou o petista de “corrupto” e acusou o brasileiro de interferir nas eleições argentinas. Publicamente, o chefe do Executivo ainda não se pronunciou sobre o tema. O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, entretanto, cobrou um pedido de desculpas de Milei.
CHAMA A POLÍCIA: Atriz é presa dirigindo embriagada novamente
Tiffany Haddish, conhecida por seus papéis em filmes como “Viagem das Garotas” e “Mansão Mal-Assombrada”, foi detida em Beverly Hills por dirigir embriagada. Esta é a segunda vez que a comediante enfrenta essa acusação, sendo sua prisão anterior em Atlanta no ano passado.
Segundo o TMZ, Tiffany foi encontrada dormindo ao volante na região nobre de Los Angeles, sem envolvimento em acidentes, mas sua presença foi reportada à polícia por volta das 5h45. Embora tenha sido detida sem resistência, a atriz estava supostamente caída no volante com o carro ligado.
Mesmo tendo compartilhado um vídeo indicando que estava curtindo a noite no Instagram, Tiffany foi presa pela manhã após sua apresentação no The Laugh Factory em West Hollywood. Ela será convocada a comparecer ao tribunal em 4 de dezembro para responder às acusações.
A comediante, que não se envolveu em incidentes durante sua detenção, agora enfrentará as consequências legais de dirigir sob influência de álcool pela segunda vez.
Comedian & actor Tiffany haddish arrested for DUI once again in Beverly Hills after falling asleep behind the wheel pic.twitter.com/t4wPiiItoi
— Shannonnn sharpes Burner (PARODY Account) (@shannonsharpeee) November 24, 2023
(Observatório dos Famosos)
FUTEBOL: Mourinho dá conselho inusitado para Carlo Ancelotti sobre seleção brasileira; veja
Cotado para assumir a seleção brasileira em 2024, o treinador Carlo Ancelotti, do Real Madrid, recebeu um conselho inusitado do companheiro de profissão José Mourinho. À emissora italiana “RAI 1”, o português, da Roma, orientou Ancelotti a permanecer no time da capital espanhola. “Voltar para o Real Madrid? Florentino (Pérez, presidente) é muito esperto. Ele já tem um super treinador, por que ficaria pensando em outro? Eu sou madridista e por isso espero que Ancelotti fique. Ele é o técnico perfeito para o Real Madrid”, declarou o lusitano. No entendimento de Mourinho, o italiano tem tudo para prorrogar seu vínculo com a equipe espanhola – atualmente, o contrato é válido somente até junho do ano que vem. “Acho que somente um maluco como eu pode deixar o Real Madrid sem que o clube queira. Eu saí mesmo quando eles queriam que eu ficasse. Brasil? Estou certo que ao primeiro sinal de Florentino, Ancelotti ficará”, continuou.
De acordo com o site Jovem Pan, por fim, Mourinho deu a entender que assumirá um time da Arábia Saudita após deixar o futebol europeu. “Acho que um dia irei ingressar na Liga Saudita. Acho que vou treinar lá, sim. Mas esse dia não será amanhã e nem depois de amanhã”. Atualmente, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) tem Fernando Diniz como seu técnico interino. Seu contrato, porém, é válido até junho, antes da disputa da Copa América. Publicamente, o presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, garante que Ancelotti assinará contrato para comandar a Amarelinha até o fim da Copa do Mundo de 2026.
Lula parabeniza instituições argentinas pela eleição e deseja sorte ao novo governo, sem citar o nome de Milei
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva parabenizou neste domingo (19) o povo e as instituições argentinas pela condução do processo eleitoral. Ele desejou sorte e êxito ao novo governo, mas não citou o nome do vencedor, o candidato de extrema direita Javier Milei. Nos bastidores, o governo torcia pelo candidato da situação, o peronista Sergio Massa – aliado do atual presidente argentino Alberto Fernández, parceiro de Lula. Milei se define como ultraliberal e tem um forte discurso antipolítica, posições bem distintas das de Lula (veja mais abaixo).
“A democracia é a voz do povo, e ela deve ser sempre respeitada. Meus parabéns às instituições argentinas pela condução do processo eleitoral e ao povo argentino que participou da jornada eleitoral de forma ordeira e pacífica”, escreveu Lula em suas redes sociais.
Em seguida, Lula deseja sorte ao novo governo, mas não parabeniza Milei. O presidente afirma que o Brasil está sempre “à disposição” para trabalhar com os “irmãos” argentinos. “Desejo boa sorte e êxito ao novo governo. A Argentina é um grande país e merece todo o nosso respeito. O Brasil sempre estará à disposição para trabalhar junto com nossos irmãos argentinos”, completou.
JUSTIÇA INTERNACIONAL: Brasil é réu na Corte Interamericana por negar cirurgia a mulher trans
Mulher não pode fazer procedimento de redesignação sexual pelo SUS
O Brasil vai responder como réu na Comissão Interamericana de Direitos Humanos por recusar cirurgia de afirmação de gênero a uma mulher trans de Campinas, interior de São Paulo. Entre 1997 e 2001, a cabeleireira Luiza Melinho tentou, sem êxito, realizar o procedimento de redesignação sexual no Hospital das Clínicas da Universidade de Campinas, ligado ao Sistema Único de Saúde (SUS). Ao buscar assistência médica na unidade de saúde, ela foi diagnosticada com depressão e ‘transtorno de identidade sexual’. O sofrimento também motivou uma tentativa de suicídio. Com um ano de acompanhamento, em 1998, ela foi submetida a uma intervenção inicial, com a expectativa de completar os procedimentos. No entanto, mesmo após passar pelo programa de adequação sexual, em 2001, a cirurgia foi cancelada de última hora, o que agravou o estado de depressão da cabeleireira. “Eu estava me tratando em todas as especialidades, endócrino, psiquiatria, gineco, psicologia, otorrino. Então houve essa negação, o que para mim foi devastador. Eu vi o mundo desabando”, relata Luiza. Entre os anos de 2002 e 2008, com a ajuda do advogado Thiago Cremasco, o caso foi parar na Justiça, mas o tratamento foi negado por, pelo menos, três vezes. Diante da impossibilidade de cuidado adequado, Luiza fez um empréstimo e pagou a cirurgia por conta própria, em 2005. Eduardo Baker, advogado e coordenador de justiça internacional da Organização Justiça Global, entidade que também passou a defender Luiza Melinho, explica que o Brasil é signatário de vários tratados internacionais de direitos humanos com obrigações que incluem o direito à saúde. “Especificamente em relação às pessoas trans, esse direito a saúde também inclui a cirurgia de afirmação de gênero, eventuais procedimentos envolvidos. Todo esse processo de transição será contemplado no direito a saúde”, explica o advogado. O caso Luiza Melinho passou a tramitar no Sistema Interamericano de Direitos Humanos em 2009. Em decisão recente, a Comissão Interamericana concluiu que o Estado Brasileiro não garantiu acesso à saúde a Melinho ao impor obstáculos para acessar a cirurgia solicitada. O advogado da Justiça Global explica as possíveis sanções ao Brasil em caso de condenação. “A gente espera que essa reparação inclua também uma reformulação da politica de saúde em relação a pessoas trans para que essa cirurgia, não só a cirurgia, mas todo complexo de procedimentos médicos, esteja contemplado de uma maneira célere, previsível, transparente. Que esse protocolo esteja acessível a todo mundo, que uma pessoa que entre nessa fila tenha noção de quando vai poder passar por determinado procedimento”, defende Baker. Para Luiza Melinho, após mais de duas décadas desde o início das tentativas de reafirmação de gênero pelo SUS, ainda é difícil lidar com a exposição da sua história, a primeira relacionada aos direitos de pessoas trans contra o Brasil em uma corte internacional. Em nota, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania reconhece que a cirurgia de Luiza era a única forma de assegurar o seu direito à vida e sua integridade física. A pasta afirmou que vai cumprir as diretrizes do Sistema Interamericano de Direitos Humanos. As informações são da Agência Brasil.
MUNDO DAS ELEIÇÕES: Milei lidera corrida presidencial na Argentina, aponta última pesquisa antes da eleição
Faltando menos de dez dias para o segundo turno das eleições presidenciais na Argentina, o candidato de oposição Javier Milei está ligeiramente à frente do candidato do governo, o ministro da Economia Sergio Massa, de acordo com uma pesquisa realizada pela Atlas-Intel. Milei possui 48,6% das intenções de voto, enquanto Massa tem 44,6%. No primeiro turno, o candidato apadrinhado pelo presidente Alberto Fernández conseguiu mais votos, mas Milei pode estar se beneficiando do apoio público de Patricia Bullrich, que ficou em terceiro lugar. Considerando apenas os votos válidos, o ultraliberal tem 52,1% das intenções, e Massa, 47,9%. Esses resultados são praticamente os mesmos da pesquisa realizada em 3 de novembro, que mostrou 52% a 48%. A pesquisa foi realizada entre os dias 5 e 9 de novembro, com 8.971 eleitores, e possui uma margem de erro de 1 ponto percentual para cima ou para baixo. Esta é a última pesquisa eleitoral antes do período de proibição de divulgação de resultados pelos institutos.
A pesquisa da Atlas também revelou que, embora os eleitores prefiram Milei, muitas das propostas defendidas por ele são rejeitadas pela maioria da população. Uma delas é a promessa de fechar o Banco Central da Argentina e substituir o peso argentino pelo dólar americano, ideia que contrária para 51% dos entrevistados (35% são a favor e 15% não souberam opinar). Outro tema polêmico é a flexibilização da compra de armas por civis, que enfrenta uma oposição ainda maior, com 68% dos argentinos sendo contrários à ideia e apenas 20% a favor. Além disso, a proposta do oposicionista de permitir a venda de órgãos também não atraiu os argentinos, com 78% sendo contrários e apenas 9% a favor.
MUNDO DAS ELEIÇÕES: Milei acusa Lula de interferência na campanha presidencial na Argentina
Candidato à presidência da Argentina, Javier Milei afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está interferindo nas eleições argentinas e “difundindo medo” no país. Em uma entrevista ao jornal La Nación, ele indicou que aliados do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e alguns jornalistas do Brasil denunciaram que Lula está interferindo na campanha argentina e financiando parte dela. Milei também comentou que os rumores sobre um possível aumento no preço das passagens de transporte público em uma eventual gestão sua são parte de uma campanha negativa promovida pelo seu adversário, o ministro da Economia Sergio Massa. Além disso, haveria um grupo de consultores brasileiros especializados em campanhas negativas, que estariam disseminando o medo na sociedade.
Milei ressaltou a gravidade institucional dessa situação, afirmando que Massa estaria utilizando recursos do Estado para realizar um ataque às instituições e promover uma campanha negativa contra outros candidatos. As acusações revelam a tensão política presente na campanha presidencial argentina e levantam questões sobre a integridade do processo eleitoral e a utilização de recursos do Estado para fins políticos. Para o libertário, o uso de recursos do Estado para promover uma campanha negativa contra outros candidatos é uma afronta às instituições argentinas.
O economista alertou para os riscos desse tipo de prática, que pode comprometer a lisura do processo eleitoral e minar a confiança da população nas instituições democráticas. A segunda fase do pleito para a escolha do novo chefe de Estado será no dia 19 de novembro. No 1° turno, realizado no dia 22 de outubro, Massa recebeu 36,2% dos votos enquanto Milei ficou com 30,19% dos votos.
ECONOMIA: Banco Central dos EUA mantém taxa de juros no maior patamar histórico em 22 anos pela 2ª vez consectutiva
O Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) decidiu manter a taxa de juros dos EUA para o intervalo entre 5,25% e 5,5% ao ano nesta quarta-feira, 1º. Esta é a segunda manutenção consecutiva desde que o órgão decidiu aumentar o percentual em julho. Este é o maior patamar da taxa de juros norte-americana em 22 anos. A última vez que os juros norte-americanos foram a 5,5% foi em 2001. O comitê avaliou que a atividade econômica se expandiu a um ritmo forte no terceiro trimestre, com geração de emprego em ritmo moderado e desemprego baixo. “A inflação continua elevada. O sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente. Condições financeiras e de crédito mais rigorosas para as famílias e as empresas poderão pesar sobre a atividade econômica, as contratações e a inflação. A extensão destes efeitos permanece incerta. O Comitê continua muito atento aos riscos de inflação”, afirmou o órgão.
Na última reunião, realizada em setembro, o órgão decidiu manter os juros no intervalo entre 5,25% e 5,5%, após a elevação de julho. Em 2001, foi a última vez que os juros foram a 5,5%. Contudo, o Fed já havia analisado a possibilidade de novas altas para garantir que a inflação permaneça em patamares baixos. Em junho, a autoridade monetária havia interrompido o ciclo de alta da taxa de juros, após dez elevações consecutivas.
Chacina de Acari ajuda a entender desaparecimentos, diz especialista
Caso começou a ser julgado na Corte Interamericana de Direitos Humanos
Há duas semanas, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) começou a julgar um crime que está sem respostas há 33 anos: a Chacina de Acari.
Em julho de 1990, onze jovens da comunidade desapareceram em Magé, na Baixada Fluminense. Familiares das vítimas pedem que o Estado brasileiro seja responsabilizado, já que um grupo de policiais militares e civis é suspeito de ter sequestrado e matado os jovens.
A procuradora de Justiça Eliane de Lima Pereira participou como perita da audiência que aconteceu em Bogotá, na Colômbia. Ela falou com a Agência Brasil sobre o andamento do processo e a questão dos desaparecimentos no país.
Além de ter exercido os cargos de assessora de Direitos Humanos e Minorias do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e de coordenadora do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (PLID/MPRJ), Eliane desenvolve uma pesquisa de doutorado que aborda as chacinas de Acari e da Favela Nova Brasília (1994).
Segundo a procuradora, a Chacina de Acari virou uma referência para todos os que analisam e debatem desaparecimentos no Brasil, por envolver recortes claros de raça, gênero, idade, classe e território.
“A década de 1990 pode ser vista como uma transição para o estado democrático de direito. Nesse período, tivemos muitas violações graves de direitos humanos. A Chacina de Acari tem traços que são visíveis ainda hoje em outros casos. A maioria dos desaparecidos é homem, jovem, negra e mora em territórios desprovidos de questões básicas de cidadania. Isso mostra claramente que existem categorias mais vulneráveis ao desaparecimento.”
A procuradora usa como base os dados do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid). Eles são coletados pelos ministérios públicos de cada estado. Na última consulta, em 24 de outubro deste ano, foram registrados 95.307 casos em todo o país. Entre as pessoas declaradas desaparecidas, 60% eram homens, 54% eram pretas ou pardas e 55% tinham entre 12 e 30 anos.
O Plid foi apresentado à Corte Interamericana como um exemplo de política de enfrentamento aos desaparecimentos no Brasil.
“O programa foi criado em 2012 e lida com esse problema como uma questão que ultrapassa a esfera criminal. Alcançamos bons resultados no Rio e assinamos, em 2017, um acordo de cooperação técnica que implementou o Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (Sinalid)”, conta Eliane.
Julgamento internacional
O caso de Acari foi levado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos em 2006. O processo terminou com decisão em favor das vítimas e recomendações ao Estado brasileiro. Entre elas, oferecer apoio psicológico às famílias das vítimas, fazer relatório sobre a atuação das milícias no Rio de Janeiro e estabelecer políticas públicas e leis para evitar violações de direitos humanos.
A Comissão entendeu que essas recomendações não foram cumpridas e passou o caso para a Corte Interamericana de Direitos Humanos em 2022.
A primeira audiência pública aconteceu no dia 12 de outubro. O Estado brasileiro fez um reconhecimento parcial de responsabilidade sobre o caso, voltado especificamente pelos assassinatos de Edméa da Silva Euzébio, líder do movimento Mães de Acari, e de sua sobrinha Sheila da Conceição, em 1993. O movimento ficou conhecido pela ação das mães dos desaparecidos que passaram a investigar, reunir provas e cobrar providência das autoridades.
O Brasil admitiu que não cumpriu com a obrigação de solucionar os assassinatos das duas mulheres em prazo aceitável, depois da denúncia do Ministério Público em 2011. Mas em relação ao desaparecimento dos 11 jovens em 1990, o país disse que houve esforço do poder público nas buscas e que o caso não poderia ser enquadrado na categoria “desaparecimento forçado”, por falta de prova de participação de policiais no crime.
A próxima etapa do julgamento é a entrega das alegações finais por escrito das duas partes do processo. Isso deve ser feito no prazo de um mês a contar dessa audiência de 12 de outubro. Ainda não existe previsão para a sentença, mas a expectativa é de que ela ocorra em 2024.
Desaparecimento forçado
O termo “desaparecimento forçado” ainda não é tipificado como um crime específico no Brasil. O Senado aprovou, em 2013, um projeto sobre o tema (PLS 245/2011) que foi remetido para a Câmara dos Deputados. Duas comissões aprovaram o texto, mas até hoje ele não virou lei.
O conceito de desaparecimento forçado foi estabelecido pela Corte Interamericana de Direitos Humanos na convenção realizada em Belém, no Pará, em 1994. Ele é definido como:
Privação de liberdade de uma pessoa ou mais pessoas, seja de que forma for, praticada por agentes do Estado ou por pessoas ou grupos de pessoas que atuem com autorização, apoio ou consentimento do Estado, seguida de falta de informação ou da recusa em reconhecer a privação de liberdade, ou informar sobre o paradeiro da pessoa, impedindo assim o exercício dos recursos legais e das garantias processuais pertinentes.
A procuradora Eliane Pereira diz que o país está em desacordo com as normas e compromissos jurídicos internacionais. Aprovar a tipificação legal do crime seria fundamental para impedir que casos de violência e desaparecimento como os de Acari ficassem impunes.
“Desde 1998, o Estado brasileiro assumiu o compromisso de se submeter à jurisdição obrigatória da Corte Interamericana. Em 2010, na sentença do caso Gomes Lund [desaparecido na ditadura], a Corte determinou que o país deveria adotar providências para tipificar o delito de desaparecimento forçado. E nada foi feito até hoje. Do ponto de vista prático, temos problemas de investigação desses crimes, pois é muito mais provável que ocorra uma situação de impunidade do que conseguir, pela lei atual, uma condenação de um homicídio sem o corpo”, explicou a procuradora.
(Agência Brasil)
POLÍTICA E ECONOMIA: Sem citar candidatos, Haddad diz que governo acompanha eleições na Argentina ‘com interesse’
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou, na manhã desta segunda-feira (23), as eleições na Argentina, cujo primeiro turno ocorreu neste domingo (22). Os candidatos que vão disputar o segundo turno são Sergio Massa, peronista e atual ministro da Economia argentino, e Javier Milei, nome da direita. Haddad, contudo, não citou nominalmente os políticos e disse que o governo federal acompanha o pleito no país vizinho “com interesse no Mercosul”
“Nós estamos acompanhando com interesse, por causa do Mercosul. Para nós, é importante consolidar uma integração na região. A integração regional é muito importante para o Brasil”, declarou Haddad. O segundo turno das eleições da Argentina será em 19 de novembro.
Segundo o ministro, o cenário político do vizinho pode influenciar as relações dos países do Mercosul. Massa obteve 36,68% dos votos e Milei, 29,98%, de acordo com a apuração de 98,51% das mesas eleitorais. O peronista recebeu mais votos do que nas primárias de agosto, quando ficou com 27%, contra 30% do candidato da direita. Milei era o favorito nas pesquisas. (r7)