Presidente do PL afirma que novas urnas deram vitória a Jair Bolsonaro com vantagem de 1 milhão de votos, mas descarta possibilidade de outra eleição: ‘Não tem sentido’
O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, afirmou nesta quarta-feira, 23, que o pedido de anulação parcial de votos no segundo turno das eleições de 2022 não busca “impedir a posse” do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas cumprir a lei. Segundo ele, uma vez que resolução do Tribunal permite que entidades fiscalizadoras solicitem uma verificação extraordinária dos resultados, desde que apresentados fatos e indícios, o TSE tem que resolver os problemas apontados pela auditoria do partido e esclarecer as dúvidas. “A soma das urnas novas dá uma vitória para o presidente de 1 milhão, se não forem consideradas as urnas que não tem indícios. Não pode haver dúvidas sobre os votos, o voto tem que ser seguro e por isso fizemos esse levantamento. E se isso for uma mancha na nossa democracia, temos que resolver isso agora”, defendeu Valdemar Costa Neto, reforçando ainda que o país não pode conviver com o “fantasma” da eleição deste ano. Também questionado sobre a possibilidade de que sejam realizadas novas eleições, o presidente do PL disse que não se tratar de um novo pleito. “Não tem sentido, é um negócio que envolve milhares de pessoas. […] Além de atingir a vida dos senadores e governadores. Nunca tivemos essa intenção. Não estamos discutindo a eleição, estamos discutindo a história do Brasil. Como vamos viver com o fantasma da eleição de 2022?”, questionou, sem responder, de fato, qual seria o resultado esperado pela legenda. “Nossa intenção não é impedir a posse, é que cumpra a lei. Se tiver indício [de erro], essa urna não pode ser considerada”, finalizou. Sobre a possibilidade de inserção de dados do primeiro turno, solicitada pelo ministro Alexandre de Moraes, Valdemar afirmou que a empresa conseguiu “pegar esses dados do segundo turno”, mas que da primeira etapa não foi possível. Também presente na reunião, o advogado do partido defendeu que, inicialmente, seja feita a verificação do TSE sobre os resultados do segundo turno. Se constatadas as supostas “falhas”, a decisão poderia ser válida para ambos os turnos.
Entenda o caso
Como a Jovem Pan mostrou, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e a legenda entraram com uma representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a anulação de votos computados por urnas eletrônicas dos modelos UE2009, UE2010, UE2011, UE2013 e UE2015. O argumento é de que uma auditoria contratada pelo PL teria identificado que há inconsistências “graves e insanáveis” à respeito do funcionamento das urnas utilizadas em 2022. Com isso, a solicitação da legenda é que quase 280 mil itens de votação sejam anuladas. Ainda nesta terça, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, deu 24 horas para o Partido Liberal também incluir dados sobre o primeiro turno das eleições. “As urnas eletrônicas apontadas na petição inicial foram utilizadas tanto no primeiro turno, quanto no segundo turno das eleições de 2022. Assim, sob pena de indeferimento da inicial, deve a autora aditar a petição inicial para que o pedido abranja ambos os turnos das eleições, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas”, afirmou Moraes em despacho.