Os trens de alta velocidade (TGV) da França voltaram a circular no eixo Atlântico, um dos três afetados por uma operação de sabotagem que causou nesta sexta-feira (26) a paralisação total desse corredor que conecta Paris com outras cidades francesas e também com o Reino Unido e a Espanha. A Sociedade Nacional das Ferrovias Francesas (SNCF) afirmou em comunicado que um terço dos trens inicialmente previstos entrará em serviço, e que o tempo de viagem será prolongado em uma hora e meia ou duas horas. A razão é que terão que utilizar a linha convencional, já que a linha do TGV foi desativada devido ao ataque a uma instalação de sinalização, que foi incendiada.
Quanto aos outros eixos vítimas de sabotagem, a SNCF informou que o do Norte (que liga a capital francesa, por exemplo, com Londres, Bruxelas, Holanda e o norte da Alemanha) teve de cancelar algumas viagens e atrasar todas as outras. Por sua vez, a operadora Eurostar cancelou uma em cada quatro das viagens de trem programadas a partir desta sexta-feira e até o próximo domingo, e espera que a normalidade só regresse na manhã de segunda-feira, segundo informou a empresa em comunicado.
A SNCF, que estima que 250 mil pessoas tenham sido afetadas até agora, vai continuar com as reparações, alertando que as perturbações continuarão durante o final de semana, razão pela qual o número de pessoas afetadas poderá chegar a 800 mil. Na origem de tudo estão os ataques ocorridos na madrugada desta sexta-feira, com o incêndio de instalações de sinalização em três corredores de alta velocidade.
Houve também uma tentativa em um quarto corredor do TGV, o Sudeste, que vai de Paris a Lyon, Marselha e Barcelona. No entanto, nesse caso a sabotagem foi abortada porque alguns funcionários da SNCF surpreenderam um grupo de indivíduos que fugiram em uma caminhonete quando tentavam queimar alguns equipamentos. O Ministério Público de Paris está centralizando a investigação que foi aberta sobre quatro crimes e que está sendo gerida, para além dos órgãos habituais de aplicação da lei, pelos serviços secretos.
Em declarações à imprensa na célula de crise que foi instalada no Ministério dos Transportes, o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, se mostrou prudente e não quis especular sobre a hipótese que circula de que os atos poderiam ser obra de um grupo de extrema-esquerda. Por outro lado, destacou que “o que está claro é que esta operação foi preparada, coordenada, que foram atacados pontos nevrálgicos, o que mostra uma forma de conhecimento da rede para atacá-la”.
Publicado por Carolina Ferreira/JP