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Sheila Makeda conta como construiu império para cabelos crespos após infância humilde

por Ornan Serapião
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Sheila Makeda foi entrevistada no programa ‘Mulheres Positivas’

O programa “Mulheres Positivas“, da Jovem Pan, desta segunda-feira, 3, traz como convidada da apresentadora Fabi Saad a CEO da Makeda Cosméticos, Sheila Makeda. A veia empreendedora de Makeda vem da mãe, Sandra, que trabalhou como empregada doméstica enquanto vendia cachorro-quente, lingeries, quitutes e outros produtos para sustentar a família. “Ela não parava, minha mãe sempre teve a criatividade de fazer coisas novas e se reinventar no meio do maior desafio. Com isso, aprendi a criatividade de abrir possibilidades em momentos de desafio. Uso isso hoje no empreendedorismo”, recordou. “A única coisa que eu pensava era que eu queria ter uma casa. Esse era meu sonho. Eu lembro que um dia falei isso para o meu professor e ele falou ‘você nunca vai ter uma casa’. Saí muito triste”, afirmou, lembrando que a mãe sempre ensinou o contrário para ela, o que a motivou.

A paixão pela carreira na área da beleza começou ainda na adolescência, quando ela, a mãe e a irmã trabalhavam como representantes de uma marca estrangeira no Brasil. Anos depois, com ajuda de uma sócia, a mãe de Sheila conseguiu abrir um salão de beleza, que atendeu mais de 30 mil mulheres por 12 anos. Ao longo do tempo, tanto ela quanto a irmã trabalharam no empoderamento dos cabelos crespos e desenvolveram produtos específicos para cuidar da beleza de mulheres negras. Em busca da profissionalização e de apoio para a sua marca, ela levou muitos ‘nãos’ até encontrar uma representante comercial que a ajudou. Hoje, além de uma empresa de cosméticos, a Makeda trabalha com a capacitação de outras mulheres para que elas empreendam. Os produtos desenvolvidos por Sheila são agora vendidos na maior varejista do Brasil após um caso de racismo provocar uma mudança estrutural nesta marca.

“As empresas ainda precisam se conscientizar e serem antirracistas através da dor. Precisa doer no calo dela de alguma forma para ela falar ‘nossa, preciso trazer diversidade, preciso trazer empreendedores negros, para que isso aconteça’. Pensamos se aceitaríamos ou não, mas aceitamos, porque não existe uma forma de ocupar esses lugares que nós negros não ocupamos hoje não sendo assim. A gente ocupa para que quem venha atrás possa ocupar por amor”, afirmou. Sheila lembrou que a corrida de mulheres negras que estão em busca do sucesso não é fácil e o desafio é grande, mas lembrou que a sociedade, ainda racista e machista, é a maior impositora de obstáculos nas nossas cabeças. “Se você tem um sonho, um objetivo, não deixe que ninguém fale para você que isso não vai dar certo. É desafiador, principalmente para quem quer empreender. É muito desafiador, mas não existe, como minha mãe já dizia, limites para você sonhar”, afirmou.

Como livro indicado para mulheres positivas, Sheila lembra de “Inovação Para Não Inovadores”, de Arthur Rufino. “Quem empreende sempre tem que estar inovando”, lembrou. Como uma obra audiovisual importante para ela, ela lembrou de “A Vida e a História de Madam C.J. Walker”, que conta a história real de uma mulher negra dos EUA que construiu um império da beleza ainda nos anos 1900. “Ela é a primeira mulher negra milionária dos Estados Unidos”, apontou, lembrando de ocorrências em comum entre as duas. A lista de mulheres inspiradoras de Sheila tem Rachel Maia, que foi mentora dela no início da carreira, a apresentadora norte-americana Oprah e as “Donas Marias” que estão nas esquinas de todo o Brasil. “São aquelas mulheres que vendem cachorro-quente, milho, pipoca. Essas mulheres me emocionam e toda vez que eu vou comprar algo, peço para elas ‘me conta a sua história’, e sempre tem uma história linda por trás de mulheres que não aparecem na mídia, mas que eu reverencio muito a luta delas”, recordou.

Confira o programa “Mulheres Positivas” desta segunda-feira, 3, na íntegra:

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