Após sinalização de trégua entre João Doria e Eduardo Leite, governador de São Paulo disse que gaúcho tem ‘mudado de posição’; ex-prefeito de Manaus chamou Aécio Neves de ‘maçã podre’
O dia destinado para a escolha do candidato do PSDB à Presidência da República nas eleições de 2022 começou com otimismo, sendo exaltado pelos dois principais candidatos e classificado como uma “grande festa da democracia”, mas esbarrou em uma falha do aplicativo de votação, que culminou em uma reunião tensa da cúpula do partido e em troca da farpas públicas entre os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto, escancarando o racha que atinge a sigla nos últimos anos. Em razão do bug na plataforma, o processo foi suspenso e será reaberto em data a ser definida. Em nota, a Executiva Nacional do PSDB afirmou que “os votos registrados neste domingo estão preservados” e que “a integridade e a segurança do sistema estão totalmente preservadas”.
A instabilidade no aplicativo de votação afetou milhares de filiados e atingiu, inclusive, tucanos históricos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-governador Geraldo Alckmin e o senador José Serra (SP). Este, porém, não foi o único momento tenso do dia. A deputada federal Mara Rocha (AC) acusou a campanha de Doria de tentar comprar o seu voto na disputa. “Eu vou dizer quem quis comprar o meu voto. Eu tenho mensagens aqui. Se não deixarem eu votar, eu vou dizer quem me ofereceu dinheiro para votar no Doria. Eu vou votar, senão vou jogar merda no ventilador”, disse, aos gritos. Mais tarde, segundo apurou a Jovem Pan, o ex-prefeito Arthur Virgílio expulsou o ex-deputado João Almeida, um dos coordenadores da campanha de Eduardo Leite, de uma reunião interna do partido. À reportagem, um tucano afirmou que Almeida estava “debochando” das propostas apresentadas pela campanha de Doria para tentar superar o impasse da votação.
À noite, em uma coletiva de imprensa, Doria afirmou que o PSDB vai passar por um processo de “depuração”. Virgílio, por sua vez, criticou o comportamento “bolsonarista” da bancada tucana no Legislativo e chamou o deputado federal Aécio Neves (MG) de “maçã podre”. “Considero o PSDB um caminhão carregado de maçãs boas, mas tem uma que está estragando bastante as outras. E dou nome e sobrenome: Aécio Neves”, afirmou. Na terça, Doria e Leite sinalizaram uma trégua e publicaram um vídeo tomando chimarrão no Palácio Piratini, sede do governo gaúcho. Neste domingo, porém, o paulista disse que o chefe do Executivo do Rio Grande do Sul vem mudando de posição. “É preciso ter uma única palavra e uma única atitude. Não é razoável você ter uma atitude, e dez minutos depois ter outra, meia hora depois outra. Só há uma atitude. É fazer com que as prévias que não foram concluídas hoje sejam concluídas no próximo domingo. Não há outra alternativa”, disparou. Leite defendeu que as prévias fossem retomadas e concluídas em um prazo de 48 horas. Publicamente, as equipes dos dois governadores mantêm o otimismo em relação ao resultado. Por outro lado, em caráter reservado, resumem os episódios deste domingo como “mico” e “vexame”.