Secretaria especial de Cultura, Regina Duarte minimizou a ditadura militar (1964 e 1984) em entrevista concedida à CNN Brasil, ao vivo na noite de quinta-feira (7). Ela chegou a cantar, entre gargalhadas, o tema da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1970, sinalizando que na época o povo era feliz.
“Na humanidade, não para de morrer. Sempre houve tortura. Stalin, quantas mortes? Hitler, quantas mortes? Não quero arrastar um cemitério de mortos nas minhas costas. Sou leve, estou viva! Vamos ficar vivos! Por que olhar para trás?” .
Depois de comentar sobre um encontro que teve com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no mesmo dia da entrevista, a atriz fez elogios ao presidente e criticou quem fica “cobrando por coisas que aconteceram nos anos 60, 70, 80”.
Regina ainda comentou sobre o novo coronavírus (Covid-19), dizendo que a doença está “trazendo uma morbidez insuportável”, e que “isso é perigoso para a cabeça das pessoas.”
A atriz falou ainda sobre não ter se manifestado publicamente quanto a recentes mortes de grandes nomes da cultura brasileira como Moraes Moreira, Rubem Fonseca e Aldir Blanc, o que gerou críticas da classe artística.
Sobre isso, disse que optou por enviar mensagens particulares às famílias. A jornalista Daniela Lima, da CNN Brasil, chegou a pedir que a secretária se posicionasse quanto às mortes dos artistas, mas Regina não prestou homenagens.
Classe artística critica secretária após entrevista
Muitas personalidades da classe política se manifestaram contra as declarações dadas pela secretária especial da Cultura, que chegou a ser chamada de “monstro”. Artistas de diversas idades e perfis, inclusive ex-colegas de Regina, expressaram indignação nas redes sociais.
Autor de novelas, Walcyr Carrasco disse que foi dolorido ver declarações atuais de Regina, de quem já foi amigo e teve ajuda no início da carreira. “Fiquei chocado quando, na entrevista, você simplesmente achou normal as mortes e chancelou a tortura. Dói mais e mais vê-la assim. Que aconteceu com você, Regina?”, questionou.
A cantora Anitta publicou um longo texto no Instagram criticando a secretária, lembrando que, na entrevista à CNN, Regina deu “chilique”, se recusou a ouvir críticas de vídeo feito pela atriz Maitê Proença, que criticava suas ações no governo Bolsonaro.
“Se recusar a ouvir uma opinião contrária logo depois de enaltecer os tempos de ditadura me causa muito medo. Até porque eu e muitos dos meus amigos seríamos os primeiros censurados caso esse regime voltasse ao Brasil e nós continuássemos no exercício do nosso trabalho”, afirmou.
Anitta cobrou providências para que os trabalhadores da indústria artística sejam socorridos em meio à crise no setor. O mesmo foi feito pela atriz Alice Wegmann e pelo ator Bruno Gagliasso.
“Muitos artistas e técnicos trabalham muito e nesse momento estão passando necessidade e sim, precisam de você”, escreveu Alice. “Não dá para desculpar sua falta de diálogo com a categoria, a sua estupidez com jornalistas e ex-colegas de trabalho”, disse Gagliasso.
Também criticaram Regina Duarte o atores Tonico Pereira, Ivan Cabral, Débora Bloch, Miguel Falabella, Alessandra Negrini, Vera Fischer, Luisa Arraes e Mel Lisboa. Com informações da Folha de S.Paulo.