Investigação conclui que ministro cometeu crimes para que o PP apoiasse a reeleição de Dilma Rousseff
A Polícia Federal (PF) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF), na quinta-feira (7), um relatório em que concluiu que o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), recebeu propinas do grupo J&F e cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro para que seu partido apoiasse a campanha de reeleição da então presidente Dilma Rousseff (PT). A defesa do ministro nega as acusações.
O relatório foi enviado ao STF pelo delegado Rodrigo Borges Correia. Agora, a ministra Rosa Weber, relatora do inquérito na Corte, deve encaminhá-lo para a Procuradoria-Geral da República (PGR), que deverá analisar o documento e decidir se é necessária a realização de novas diligências, se há elementos para denunciar o ministro e os demais investigados ou se solicita o arquivamento do caso.
O inquérito foi aberto em 2018 no STF a pedido da PGR com base na delação de Joesley Batista e Ricardo Saud, executivos do grupo J&F. Batista relatou aos investigadores que, no dia seguinte ao rompimento do PMDB com o governo Dilma, ele teria se encontrado com Ciro Nogueira.
“Nesse encontro, mediante a promessa de pagamento de vantagem indevida, no valor de R$ 8.000.000,00 (oito milhões de reais), ficou acertado que Ciro Nogueira adiaria uma reunião do PP, na qual seria decidido sobre o ‘desembarque’ do partido da base de apoio do Governo Dilma, atrasando a ruptura, que acabou acontecendo em 12 de abril do mesmo ano”, diz a PF.
Em nota, a defesa do ministro informou que “estranha” o relatório e diz que “a conclusão é totalmente baseada somente em delações que não são corroboradas com nenhuma prova externa”. De acordo com os advogados, a narrativa das delações não se sustenta.