Das quatro milhões de pessoas que podem receber a dose de reforço, pouco mais de um milhão foi imunizadas na Bahia
Iniciada no fim de fevereiro deste ano, a aplicação da vacina bivalente avança a passos lentos na Bahia. Isso porque, das quatro milhões de pessoas aptas a tomar a dose de reforço, apenas 1,08 milhão de pessoas foram imunizadas no estado. O número, divulgado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), equivale a 26% de doses aplicadas. No público-alvo, entram pessoas a partir dos 12 anos. Para Akemi Erdens, técnica da coordenação de imunização da Sesab, é comum que as pessoas associem a melhora nos números da Covid com uma menor importância da vacina. “Com o fim da emergência, a população não está visualizando mais o risco, porque diminuiu muito o número de casos e o número de óbitos. Então ela acaba tendo uma menor adesão, por não identificar aquilo mais como sendo de um risco tão grande como era antes”, diz. Robinson Santos, professor de 54 anos, faz parte do índice que ainda não se imunizou. Segundo ele, apesar de reconhecer a importância das vacinas, ainda não tomou a dose de reforço por opção. “Eu já tomei todas as outras vacinas. É muito importante a imunização, porque protege nossos corpos de vírus, principalmente o da Covid. Mas, no momento, não acho necessário tomar. Peguei Covid duas vezes, [então] além de tomar as vacinas, meu corpo está com bastante anticorpos”, diz. Entretanto, por mais que muitas pessoas compartilhem desse pensamento, a vacina bivalente tem um diferencial: a capacidade de oferecer imunidade tanto contra a Covid-19 como a variante ômicron. A infectologista Astrid Melendez explica que o reforço é essencial para que exista a proteção efetiva. “A vacina bivalente contra a Covid-19 oferece proteção contra as variantes mais comuns e contagiosas do vírus. Ao receber a vacina, você desenvolve uma resposta imunológica que pode ajudar a prevenir a infecção ou reduzir a gravidade dos sintomas”, afirma. Em Salvador, até agora, 400.000 doses da vacina bivalente foram distribuídas, entre os mais de um milhão aptos a tomá-la. Desde o dia 25 de abril, a prefeitura ampliou a campanha vacinal da bivalente, que inicialmente teve como público-alvo pessoas imunossuprimidas, para abranger também a população com mais de 18 anos. Ainda assim, a procura continua baixa na cidade. Laiz Lima, estudante de 23 anos, mora na capital, e não se imunizou ainda por falta de tempo. “Eu fico postergando o dia. Eu sempre estou trabalhando, então é difícil de achar tempo, principalmente porque não trabalho no horário certinho comercial. Então, quando tenho tempo livre, fico receosa de ir tomar a vacina, acabar passando mal e precisar faltar o trabalho sem um aviso prévio”, conta. Ainda assim, a estudante sabe a importância de se manter protegida, sobretudo no inverno, período no qual as doenças sazonais se manifestam, devido à mudança de tempo. “Quando percebi, esses dias, que ainda não tinha me imunizado, eu fiquei super chateada comigo mesma. Porque eu, como uma pessoa jovem, que estuda e sabe dos riscos da pandemia, sei da importância do imunizante não só para mim, mas também para todos ao meu redor. Acredito que seja até uma falta de consciência coletiva da minha parte não ter me imunizado ainda”, diz a jovem.
Menor adesão do estado
De acordo com a cobertura vacinal da Covid-19 feita pelo Governo do Estado, a macrorregião de saúde com menor taxa de adesão à vacina bivalente na Bahia é o Extremo Sul. Na região, composta por 13 municípios, o número de doses do reforço aplicadas até esta segunda-feira (26) era 18.278, que configura cerca de 3,8% da população total da área. De acordo com Marcos Sampaio, presidente do Conselho Estadual de Saúde, a baixa adesão acontece por falta de grandes campanhas de divulgação e de convencimento da população a se vacinar. “A vacina chegou a todos os municípios da Bahia. Mas você tem algumas cidades com indicadores de vacina bem baixos, e a preocupação é bem grande em relação a elas”, diz.
Vacina da gripe também tem baixa procura na capital
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a vacina contra a influenza também tem tido pouca adesão em Salvador. Segundo o órgão, apenas 36% do público eletivo tomou a vacina, o que equivale a 260 mil doses. Da população geral, até esta segunda-feira (26), 474 mil doses foram aplicadas. O público eletivo consiste nos grupos prioritários, que são crianças de 6 meses a menores de 6 anos de idade (5 anos, 11 meses e 29 dias), gestantes, puérperas, povos indígenas, trabalhadores da saúde, idosos com 60 anos e mais, professores das escolas públicas e privadas, pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais, pessoas com deficiência permanente, profissionais das forças de segurança e salvamento e das forças armadas, caminhoneiros, trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso, trabalhadores portuários, funcionários do sistema prisional, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas e população privada de liberdade. (CORREIO)