Com um espetáculo deprimente de manipulação e desrespeito pela democracia, o processo eleitoral na Venezuela passou longe da vontade popular e se transformou em uma farsa descarada. Diante das evidências claras de fraude, é impossível não sentir repulsa pelo sistema político venezuelano.
O processo eleitoral deveria ser claro e transparente já que as urnas eletrônicas lá, ao contrário daqui, emitem um recibo em papel com o candidato escolhido, que é depositado em uma urna física, isso, em teoria, garantiria uma dupla verificação dos votos, uma vez que uma se dá eletronicamente e a outra fisicamente.
Contudo, o diabo está nos detalhes. As atas eleitorais, que supostamente seriam um registro fiel da contagem de votos, são facilmente manipuláveis. A falta de envio dessas atas ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em muitos centros de votação é um indicativo claro de irregularidades. Elas somem e sumiram. foram para o lixo, incineradas. Os votos da maioria dos eleitores venezuelanos nunca serão computados e, portanto, eles nunca serão ouvidos e sequer reconhecidos como cidadãos e cidadãs desse país com o direito fundamental que é o direito ao voto para dizer o que querem para o seu país.
Os resultados oficiais divulgados pelo CNE são um insulto à inteligência dos cidadãos e cidadãs venezuelanos e do mundo. Os números absurdos são uma prova incontestável de que o processo foi manipulado para garantir a vitória do regime de Maduro.
María Corina Machado, líder da oposição, trouxe à tona uma alegação poderosa: a oposição venceu com larga maioria dos votos. A informação é respaldada pelas atas eleitorais divulgadas com a retumbante vitória da oposição e foi testemunhada por vários presentes no processo de contagem, incluindo um chavista que, inadvertidamente, revelou a derrota de Maduro ao publicar uma selfie com os resultados visíveis nas telas de contagem.
A resposta da comunidade internacional à eleição fraudulenta foi dividida. Enquanto países como Colômbia, Chile, Uruguai, Argentina, Costa Rica, Guatemala, Reino Unido se recusaram a reconhecer o resultado. Já a China, Rússia, Bolívia, Cuba e Honduras aceitaram o resultado.
Dá pra ver que , a maioria das nações democráticas o rejeitou. Países com esses contrastes refletem claramente os alinhamentos políticos e a falta de legitimidade do regime de Maduro e de todos aqueles que no seu circuito estão firmemente agarrados ao poder.
A fraude eleitoral de Maduro é apenas mais uma ferramenta em seu arsenal de autoritarismo e daqueles que fazem o mesmo em seus países, especialmente na nossa América Latina onde somos reconhecidos por fazermos apenas “ fiestas, siestas and revolutions”.
A comunidade internacional pode até intensificar a pressão, utilizando todos os meios diplomáticos e econômicos disponíveis para isolar o regime e apoiar o povo venezuelano em sua luta por democracia e justiça. Entretanto, essa comunidade, salvo algumas exceções, ´precisará do apoio regional dos países que, de fato. se dizem democráticos. Mas o Brasil, a maior nação, fez sua opção: Se calou!
Izalci Lucas – Senador do PL/Df
Obs: artigo publicado originalmente no Diário do Poder, edição 30.07.2024