O português pode estagnar a vida de uma pessoa. Você, com certeza, já ouviu alguém dizer ou escrever “seje”, “menas”, “imbigo”, “perca” no lugar de perda e ficou receoso de corrigi-lo. Mas, digo-lhe, amigo, que isso caracteriza-se alienação linguística. Se uma criança pronunciar uma palavra de forma errada ela não seria corrigida? Pois é, o raciocínio deve ser o mesmo com os adultos.
Porém, cultura e costumes embargam esse comportamento, e é imprescindível ressaltar que a falta de leitura faz parte dos costumes das classes baixa e média de nossa sociedade.
Segundo estatísticas, estima-se que os brasileiros leem, em média, cinco livros por ano. Em percentual, reduziu de 56% para 52% a quantidade de leitores. Já os não leitores correspondem a 48%, isto é, 93 milhões de um total de 193 milhões de habitantes, conforme a pesquisa Retratos da Leitura do Brasil. A taxa na classe alta caiu, mas ainda assim é considerada alta, passando de 76% para 67%.
A razão da classe A ter mais assiduidade na leitura pode ter inúmeros fatores, mas ela também percebeu que o português, nosso patrimônio, bem falado e escrito é uma forma e ascensão pessoal e profissional.
Quando a leitura é superficial, com pouco embasamento teórico, a linguagem do dia a dia torna-se precária. Ocorre que o problema está na cultura e nos costumes. O próprio indivíduo deve ser incentivado a buscar aprimoramento e conhecimento de modo a contribuir com o uso devido na linguagem; corrigir e ser corrigido.
Ao dizer ou escrever “menas”, “agente”, “seje” e não sermos corrigidos ou não corrigirmos, o português é nivelado por baixo. Não devemos pensar que é melhor permitir que o indivíduo fale incorretamente do que deixá-lo de corrigir por receio do constrangimento. Ora, essa ausência da correção gera indivíduos medíocres; medianos. E, ao corrigirmos, sejamos sensatos.
A educação não está somente na verbalização do português erudito e culto, mas também no trato com as pessoas.
Machado de Assis aprendeu o seu português “puro e perfeito” lendo poesias e livros. Enquanto que na poesia Machado adquiriu um vocabulário mais erudito, na prosa, ele desenvolveu uma linguagem mais corrente; mais próxima da língua falada.
E foi dessa forma que o escritor, jornalista, cronista, contista, poeta, romancista e teatrólogo tonou-se um dos mais importantes escritores brasileiros.
Nathália Fernandes
É formada em Jornalismo e Letras.
JCO