Por: Carlos Sampaio
Nesta quinta, 26/08/2021, o jornalista e apresentador da CNN escreveu um texto no “Estadão”, intitulado “Ninguém teme Bolsonaro”.
Seu raciocínio é tosco, leviano, ofensivo, desprovido de qualquer razão a não ser aquela que move todos os que perderam as eleições para Bolsonaro: não reconhecer que foram derrotados e apeá-lo do poder a qualquer preço.
Vou desconstruir seu texto e demonstrar seu raciocínio obtuso.
Mas, sem querer, ele faz uma denúncia grave!
“Ninguém teme Bolsonaro” é o título do texto.
Eu começo perguntando: por que alguém deveria temê-lo?
Bolsonaro foi eleito com 57,8 milhões de votos, nunca cometeu nenhum deslize preocupante contra a constituição brasileira, não há escândalos em seu governo, não há roubos, ele nunca mandou prender ninguém, aonde vai o povo o abraça…Ou o título é uma referência aos ladrões de governos anteriores que você apoiou e apoia? Sim, estes devem temê-lo!
E continua o subtítulo:
“O medo é da tragédia que o presidente parece empenhado em provocar”.
Medo? Tragédia?
O Presidente está empenhado em recuperar o país que foi arrasado pelo tsunami de roubos de governos anteriores, um país que ele recebeu como terra arrasada. Realmente é uma tragédia!
E continua o “analista de Bagé”:
“De tanto se atormentar com fantasmas, Jair Bolsonaro está conseguindo que eles se tornem realidade. Cristaliza-se em círculos do Judiciário, Congresso e também entre oficiais-generais a ideia de que o arruaceiro institucional precisaria no mínimo ser declarado inelegível. E o caminho seria através dos tribunais superiores”.
Eu respondo: William, o Presidente está atormentado é com a dura realidade que ele encontrou no governo, não com fantasmas. Você desrespeita o Presidente ao chama-lo de “arruaceiro institucional” sem mostrar qualquer prova. O Presidente não mandou prendê-lo por desrespeitá-lo e criticá-lo sem provas. Mas os Juízes do Supremo que você apoia mandaram e mandam prender qualquer um que os critique. Essa é a realidade e duzentos e treze milhões de brasileiros são testemunhas dos atos do Supremo que você tenta esconder.
Você continua: …
“Cristaliza-se em círculos do Judiciário, Congresso e também entre oficiais-generais a ideia de que o arruaceiro institucional precisaria no mínimo ser declarado inelegível. E o caminho seria através dos tribunais superiores”.
Uai, William, isso é muito grave! Uma conspiração contra o Presidente eleito! Conspiração armada em círculos do Judiciário, Congresso e também entre oficiais-generais para declarar o Presidente inelegível. E o caminho seria através dos tribunais superiores!
Precisamos dos nomes William! Isso é gravíssimo! Você não pode dá-los?
Sei, você se apoia na lei que protege a fonte que fornece informações aos jornalistas!
Mas, sem querer, você denuncia um golpe, William!
Continuemos:
“Esse perigo (não poder disputar as eleições) para Bolsonaro é real, mas não imediato. A ‘conspiração’ não passa, por enquanto, de um desejo amplamente compartilhado nas instâncias mencionadas acima. Generalizou-se nesses círculos de elite política, judicial e militar a convicção de que Bolsonaro provocou um impasse institucional para o qual não há saída aparente, e ele nem parece interessado em buscá-la”.
Ora, William, agora a “conspiração” não passa de um desejo. E quem deseja tanto tomar a Presidência de Bolsonaro? Você responde: “círculos de elite política, judicial e militar”. Nomes William, nomes. Você deve fornecê-los, pois o círculo de conspiradores parece ser muito grande. Nossa percepção é outra: o impasse quem está provocando é o Supremo.
Continua nosso delirante analista:
“A ‘conspiração’ carece, contudo, de coordenação central e efetiva articulação. Setores do Congresso, do STF e das Forças Armadas estão conversando informalmente, e já se falou no Alto Comando do Exército em atribuir ao comandante dessa arma a missão de ‘pôr uma coleira’ em Bolsonaro. Dois personagens políticos de peso nessa paisagem – os caciques do Centrão Arthur Lira e Ciro Nogueira – têm dito a jornalistas que desistiram disso”.
Agora você avançou bastante, William, pois afirmou que Arthur Lira e Ciro Nogueira já foram convocados para “por uma coleira em Bolsonaro”. Convocados por quem? Você responde: “Por Setores do Congresso, do STF e das Forças Armadas estão conversando informalmente, e já se falou no Alto Comando do Exército”. Nomes William, nomes dos conspiradores!!
E você continua:
“Quem conversa quase que diariamente com o presidente o descreve como possuído de um quadro mental para lá de preocupante. Bolsonaro está totalmente convencido de que a ‘conspiração’ contra seu mandato começou já no primeiro dia do governo, e é conduzida por uma difusa e ao mesmo tempo bem entrincheirada coligação de corruptos no Congresso, corporativistas na administração pública, empresários que perderam dinheiro, esquerdistas treinados em Cuba, governadores gananciosos e todos unidos em torno de alguns ministros do STF”.
Aqui você tira o seu da reta e tenta afirmar que quem afirma o que você afirma é Bolsonaro! Você percebe a gravidade do que disse, mas não quer desfazer o texto, ou seu patrão não deixa? Você afirma que pessoas que conversam diariamente com o Presidente “o descreve como possuído de um quadro mental para lá de preocupante”. Você deve ter alguém infiltrado dentro da sala do Palácio Presidencial e que é confidente do Presidente, um traidor encarregado de informá-lo tim-tim por tim-tim de tudo que se passa na presidência! Nomes, William, nomes!
Quanto ao fato de que a “conspiração” contra o mandato de Bolsonaro começou já no primeiro dia do governo, e “é conduzida por uma difusa e ao mesmo tempo bem entrincheirada coligação de corruptos no Congresso, corporativistas na administração pública, empresários que perderam dinheiro, esquerdistas treinados em Cuba, governadores gananciosos e todos unidos em torno de alguns ministros do STF”, faltou incluir os Frias, os Marinhos, os Mesquitas que são donos do consórcio de veículos de imprensa, formado por TV Globo, G1, GloboNews, O Globo, Extra, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo e UOL.
Faltou incluir, ainda, “os artistas”, as Ongs, os partidos de esquerda. Note que todos os que você citou e os que eu acrescentei, trabalharam contra a eleição de Bolsonaro e perderam. Nisso você acertou, mesmo escondendo uma parte. E essa é a percepção de 213 milhões de brasileiros: os que perderam querem tomar o poder!
Sereno, você continua:
“Dois aspectos tornam o absurdistão que é a cabeça de Bolsonaro num problema real, pois ele age a partir dessa percepção de mundo. O primeiro é a ‘legitimação jurídica’ que ele julga ter encontrado para ir ao que chama de contragolpe contra os usurpadores do poder do presidente. A interpretação que adotou do artigo 142 da Constituição é espúria, mas lhe confere um ar de certeza no campo do Direito para, eventualmente, chamar forças militares a intervir – no mínimo para garantir lei e ordem num cenário conturbado que Bolsonaro se empenha em piorar”.
Que tolice, William, Bolsonaro está apenas se defendendo de processos abertos contra ele. São 123 manifestações do STF na relação com o Governo Federal, segundo o jornal Correio da Manhã.
Bolsonaro é o Presidente da República do Brasil e não um “arruaceiro” qualquer como você se refere a ele. Isso é real! E o artigo 142 da Constituição diz o que diz e não que você quer ele diga, como fazem os Ministros do Supremo!
Avançando:
“O segundo aspecto que faz do desequilíbrio presidencial um perigo real é a crença de que disporia de instrumentos de poder tais como irresistível quantidade de ‘povo nas ruas’, ‘adesão de setores das Forças Armadas’, além de PMs amotinados, insubordinados e levados às ruas por lideranças corporativistas. Em outras palavras, ele acha que estaria em posição de superioridade em se tratando da relação das forças treinadas para exercer violência – um cenário implícito nas posturas do presidente”.
Que raciocínio estúpido, William, quem apoia Bolsonaro apoia porque quer. Quem vai às ruas por Bolsonaro, vai porque acha que ele está sofrendo uma injustiça; quem adere a Bolsonaro, adere porque é tradicionalista e de direita, adere porque está cansado de tanta safadeza, safadezas como essas que você escreve.
E continua:
“O problema para Bolsonaro é que tanto no plano político-jurídico como no plano das ‘forças das ruas’ ele está isolado. É completamente refém de um conjunto fisiológico de caciques políticos cínicos que o espremem deixando aberta a possibilidade de decidir quando jogam fora o bagaço. O cerco judicial ao presidente, no STF e no TSE, é um fator que tornou inclusive irrelevante se o PGR estaria (não está) disposto a denunciá-lo”.
Aqui você descreve o Presidente só, isolado, encolhido e mais uma vez você afirma que há um golpe, que você chama de “cerco”, em andamento. Você vive numa bolha, William, e fala apenas para os seus. Deveria sair às ruas e descobrir a verdade. Suas palavras denotam medo! Medo de perder “a boquinha”. Medo de todo grupo que você, sem querer, denuncia, medo de ir parar na cadeia!
Avança para o final:
“Sem ter criado uma organização política capilarizada e sem ter a adesão das cadeias de comando das Forças Armadas, Bolsonaro acha que manda, mas não comanda nada a não ser fanáticos imbecilizados em redes sociais que não sabem até agora muito bem onde está o ‘Palácio de Inverno’ a ser tomado e ocupado. Eles são contra um monte de coisas, mas ainda aguardam uma ordem específica do ‘mito’ sobre em qual direção marchar e qual inimigo precisam aniquilar”.
Muito bem, William, você agora ataca e ofende 57,8 milhões de brasileiros que elegeram o Presidente e os chama de ‘fanáticos imbecilizados’ e ataca o Presidente ao dizer que ele ‘acha que manda, mas não comanda nada’. Então quem está comandando o país, William? Nomes, William, nomes! Diz ainda que os apoiadores do Presidente ‘são contra um monte de coisas’. Sim, William, todos os que votaram no Presidente querem que sua pauta seja respeitada. Só isso! Agora você precisa dar os nomes daqueles que estão mandando no país e que não foram eleitos para isso.
Sua denúncia é muito grave!
E finaliza resumindo o texto:
“Em outras palavras, Bolsonaro não dispõe de sólidos argumentos jurídicos, de amplas forças políticas, de nutridos contingentes militares, do domínio das ruas, da adesão das principais elites econômicas e é rejeitado pela maioria dos eleitores, pela quase unanimidade do mundo intelectual e cultural e visto como um estorvo passageiro pelas grandes potências. Ninguém tem medo dele como dirigente político”.
O que se teme é a tragédia que ele parece empenhado em provocar.
E eu finalizo e contradigo: são sólidos os argumentos jurídicos de Bolsonaro, as força políticas são as mesmas que perderam as eleições e trabalharam contra o Presidente, os contingentes militares são os mesmos que o apoiaram na eleição para Presidente, a elite econômica que não o apoiou é a mesma, o mundo intelectual e cultural que não votou no Presidente é o mesmo, as grandes potencias são as mesmas e possuem seus próprios problemas e neste 7 de setembro você verá se o Presidente é rejeitado, se não tem “o domínio das ruas” como você afirma. Bolsonaro quer ser amado e não temido como dirigente político.
O receio é que os perdedores provoquem uma tragédia.
Você está encrencado, William, por dois motivos:
1) Você afirma com todas as letras que há uma Conspiração em círculos do Judiciário, Congresso e também entre oficiais-generais para declarar o Presidente inelegível. E o caminho seria através dos tribunais superiores!
2) Você trabalha para a CNN, órgão de imprensa internacional, portanto a sua notícia foi divulgada em todo o mundo. É um furo de reportagem. Você descobriu um golpe contra o Presidente. Um fato gravíssimo!
O Presidente deverá tomar medidas imediatas para que você diga quem são os golpistas.
O Ministro da Justiça, o Procurador Geral, o Presidente do Senado e da Câmara também deverão processá-lo.
Os Ministros dos Tribunais Superiores, encarregados de “tornar o Presidente inelegível”, segundo você, deverão intimá-lo, para que diga os nomes dos que querem aplicar um golpe de estado no país.
Esse é o princípio do fim: se tudo for verdade você sairá como herói, os conspiradores serão presos e o golpe será abortado; se for uma grande mentira você será demitido da CNN e do jornalismo mundial.
Carlos Sampaio
Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
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