Em meio a tantas notícias que abrem um espaço de esperança para o mundo, cansado de lutar contra um vírus invisível, porém tão poderoso, me deparei esta semana com uma notícia que mexeu com meus princípios. A mídia recheou seus canais de artigos a respeito da possível interdição de Cid Moreira pelos filhos, que alegam que o jornalista de 93 anos sofre de demência e não possui mais controle sobre seus atos. Deprimente. Para onde estamos caminhando? Como ficam as relações familiares de amor e respeito entre seus membros? Ao que parece, hoje tudo é possível. Pais que matam filhos, que, por sua vez, cometem assassinatos contra seus genitores; filhos que vão à Justiça contra os pais com acusações mentirosas, em busca de algum tipo de benefício; e tantas outras barbaridades que apontam para uma nova realidade, onde os valores primários caem por terra. Triste de ver.
Nesta semana, Roger e Rodrigo Moreira, filhos do apresentador Cid Moreira, entraram na Justiça, com um processo na vara de família de Petrópolis, Rio de Janeiro, pedindo a interdição do pai e a prisão da madrasta, Fátima Sampaio Moreira, acusada por eles de induzir Cid a se posicionar contra seus herdeiros. Ao que tudo parece, a atual mulher do jornalista mantém o comando de suas ações. O que me faz duvidar das intenções de todos os envolvidos, uma vez que, para mim, existe algo por trás de todas essas manifestações. De acordo com Roger Moreira, filho adotivo de Cid, as postagens recentes do pai nas redes sociais são controladas pela madrasta. Além disso, ele e o irmão demonstram o desejo de reencontrar o ex-apresentador do “Jornal Nacional” com urgência, para livrá-lo das “garras” de Fátima. O que se vê é um jogo de “empurra-empurra” para cada qual sair ileso e deixar Cid Moreira em uma situação constrangedora. Nada até agora me convence. Segundo Rodrigo Moreira, filho de Cid com Olga Moreira, ele também foi abandonado pelo pai. E, como o irmão, impedido pela madrasta de se reaproximar. Seguem as contradições.
Além do pedido de interdição, os filhos alegam que há a necessidade de uma tutela de urgência, o que consta do processo. Segundo eles, Cid Moreira não tem condição de administrar os próprios bens. Para Roger e Rodrigo, filho biológico, Fátima Moreira mantém o pai em cárcere privado. Consta também do processo que Fátima, 40 anos mais jovem que Cid, teria se casado com o apresentador, de acordo com os filhos, por “interesses econômicos”. Em um documento recentemente compartilhado com o UOL, há um trecho sobre a mulher de Cid: “Têm-se notícias que a mesma agride o idoso, deixa-o sem medicação, comida vencida ou estragada por 15 dias, em pleno cárcere privado”. Além de conter acusações de estelionato, apropriação indébita e formação de quadrilha contra Fátima. Quanto ao advogado dos filhos de Cid Moreira, Ângelo Carbone, eles estão preocupados com o pai, que está sendo usado pela madrasta, em função de interesses próprios. Uma verdadeira guerra entre os membros de uma família, em que o mais prejudicado é o Cid, que me parece de mãos atadas, enquanto todos os membros se digladiam a olhos vistos. Essa polêmica se tornou pública, após Roger, filho adotivo do apresentador, alegar que foi abandonado e deserdado pelo pai, em uma entrevista para o “Balanço Geral”, da TV Record. Em resposta a Roger, a atual mulher de Cid afirmou que o afastamento entre os dois se deu em razão dos custos que o pai assumia para manter um salão de cabelereiro – profissão de Roger – durante muitos anos. Sobrinho da ex-mulher de Cid, ele foi adotado quando tinha 14 anos. Quanto aos possíveis processos anteriores entre os componentes da família Moreira, todos negam terem agido contra os demais no passado. Tudo muito confuso, sem credibilidade, um fio de nós a serem desatados para que se chegue à realidade dos fatos.
O que mais me entristece diante de tudo que foi exposto é perceber o quanto os valores familiares estão cada vez mais diluídos em função de interesses que frustram as expectativas de quem ainda pensa em constituir uma família, com base em princípios morais e afetivos, adquiridos ao longo do tempo. Nada piegas, porém com o mínimo de respeito por uma instituição que, a meu ver, deve ser preservada, mesmo havendo questões divergentes entre seus membros e o rumo que cada um possa tomar. Por isso, essas manifestações explícitas dos integrantes da família Moreira, pra mim, não passam de atuações teatrais em favor de interesses pessoais, que encontram um “bode expiatório” – no caso, o próprio Cid – para atingir seus objetivos. Como disse Priscila França: “Aquilo que necessitamos é uma das coisas que mais foge de nossas mãos e da nossa rotina – por falta de amor verdadeiro, pelo sumiço dos sorrisos sem motivos […] pela falta da aceitação das diferenças e, principalmente, pelo mundo ter perdido seus bons costumes”. Assino embaixo.