OLIVIA COUTINHO: MEU PÉ DE JABUTICABA!

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Por Olívia Coutinho

Era uma vez um pé de jabuticaba, que nasceu à beira do caminho!

Além de sua beleza enfeitar a estradinha de chão vermelho, que seguia para a minha casa, ele ainda oferecia a quem passava por ali, frutos doces como mel!

Acompanhei sua primeira florada, saboreei seus primeiros frutos, o adotei como; MEU PÉ DE JABUTICABA!

Devido a sua sombra, ele tornou o ponto de encontro da criançada no retorno da escola!

Sua forma arredondada, suas folhas viçosas o fazia destacar dentre todas as outras arvores. Talvez, por ele ser bem fechadinho, tenha sido escolhido como a árvore preferida dos passarinhos para construir os seus ninhos, onde seus filhotinhos pudessem ficar mais protegidos contra seus predadores…

Até o riacho, quis lhe dar uma mãozinha, deixando desviar do seu leito, um filete de água para irrigá-lo noite e dia!

Enquanto a natureza se encarrega de fazer a sua parte, o homem, na sua insensatez, destrói sem piedade, o que Deus criou…

Um dia, ao retornar da escola, de longe não avistei a copa do meu pé de jabuticaba! Com uma dor no coração, logo imaginei, a cena triste que estava a me esperar. Lá, estirado no chão, estava o meu pé de jabuticaba, com seus frutos ainda verdinhos, espalhados pelo chão. No seu tronco ainda minava seiva, como lágrimas de dor! Um coleguinha da escola, percebendo a minha dor, logo quis me consolar, dizendo: chora não, ele um dia vai brotar! Quis agarrar naquele fio de esperança, pra minha dor aliviar, mas no fundo, eu já sabia, que ele nunca ia brotar!

A mão que cortou o meu pé de jabuticaba, feriu profundamente o meu coração de menina, que até então, não conhecia a maldade humana, só conhecia o amor!

O lugar do meu pé de jabuticaba, nenhuma arvore quis ocupar, talvez, como protesto para nos alertar: que aqui na terra, até a arvore tem seu lugar!

Quem ama o CRIADOR, ama sua criação, desde o homem até o chão, sabe que no mundo, há lugar pra todos, que não somos donos de nada, que a vida deve ser respeitada…

Coisas da minha infância!

De Olívia Coutinho