Início » O alto consumo de álcool reduz o tamanho do cérebro? A ciência responde

O alto consumo de álcool reduz o tamanho do cérebro? A ciência responde

por Ornan Serapião
5 minutos para ler

Pessoas com cérebro menor estão mais predispostas ao alcoolismo. Ao mesmo tempo, a ingestão excessiva de álcool pode reduzir ainda mais o volume cerebral

O consumo excessivo de álcool já é conhecido por afetar negativamente a saúde, incluindo problemas cardíacos e hepáticos, risco aumentado de câncer e maior possibilidade de desenvolver depressão. Além disso, muitos pesquisas sugerem que a alta ingestão de álcool está associada a uma redução no tamanho do cérebro. Agora, novo estudo confirma a existência de uma forte relação entre esses dois fatores. Os pesquisadores descobriram que pessoas com cérebros menores estão mais propensas a desenvolver alcoolismo.

Para a equipe, a redução no volume do cérebro e a predisposição ao consumo excessivo de álcool podem ter uma causa comum relacionado à composição genética. “O menor volume cerebral em regiões específicas pode predispor uma pessoa ao maior consumo de álcool”, explicou Ryan Bogdan, coautor do estudo, ao Medical News Today.

Isso poderia significar que os genes de uma pessoa seriam responsáveis por causar o tamanho menor do cérebro e essa redução poderia aumentar a probabilidade de desenvolver alcoolismo. O estudo, publicado recentemente no periódico Biological Psychiatry, ainda indica que o abuso de álcool poderia reduzir ainda mais o volume cerebral.

Fator genético

Os pesquisadores chegaram a essa conclusão depois de realizar três estudos por meio de análise de imagens cerebrais. Na primeira investigação, a equipe recrutou gêmeos e irmãos não-gêmeos que apresentavam diferentes comportamentos em relação ao consumo de álcool. O segundo estudo analisou crianças que não foram expostas a bebidas alcoólicas. Na terceira pesquisa foram avaliados tecidos de órgãos doados para determinar a expressão gênica no cérebro.

Por meio das observações, a equipe descobriu que os participantes que consumiam maiores quantidades de álcool tinham menor volume de massa cinzenta no córtex pré-frontal dorsolateral e na ínsula. Essas regiões do cérebro exercem papeis importantes na emoção, recuperação da memória, ciclos de recompensa e tomada de decisão.

Os resultados ainda mostraram que o menor volume nessas regiões do cérebro era provocada por uma composição genética, que, por sua vez, também está associada a um risco aumentado de alcoolismo tanto na adolescência quanto na idade adulta. “O estudo fornece evidências de que existem fatores genéticos que levam a volumes mais baixos de massa cinzenta e aumento do uso de álcool”, disse David Baranger, principal autor do estudo, ao Medical News Today.

Álcool reduz volume cerebral?

De acordo com os cientistas, o atual estudo traz uma perspectiva que até então não havia sido explorada pela comunidade científica: como a genética pode provocar menor volume cerebral ao mesmo tempo em que aumenta a predisposição ao alcoolismo. A equipe salientou, no entanto, que esses resultados não refutam a ideia de que o consumo de álcool possa interferir no tamanho do cérebro – especialmente em quem já apresenta o fator genético.

“Nossos dados levantam a possibilidade de que reduções provocadas geneticamente no volume do cérebro podem promover o uso excessivo de álcool, o que, por sua vez, pode levar à atrofia acelerada em diversas regiões do cérebro”, concluíram no estudo.

Excesso de álcool

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a quantidade máxima recomendada de álcool por semana varia de acordo com o sexo da pessoa. Para homens, é possível consumir até 12 latas de cerveja (350 ml) ou 19 taças de vinho (90 ml) ou 10 doses de destilados (35 ml).

No caso das mulheres, a orientação é não ultrapassar 8 latas de cerveja ou 12 taças de vinho ou 7 doses de destilados. Qualquer valor acima disso já pode ser considerado consumo excessivo de álcool. (Veja)

Postagens Relacionadas

Deixe um comentário