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Nova turnê terá Madonna multicultural e mais intimista

por Ornan Serapião
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Cantora americana deu início a ‘Madame X’, sua nova turnê, onde se apresenta em espaços menores e privilegia o novo repertório em vez dos hits

Madonna deu início à sua nova turnê, Madame X, terça-feira passada na Brooklyn Academy of Music, em Nova York. Baseado no período em que a cantora passou na cidade portuguesa de Lisboa, o álbum é repleto de gêneros musicais que não habitavam o seu universo – uma profusão de dance latina, reggaeton e o exótico ritmo afro-lusitano kuduro.

Madame X, o show, mostra que Madonna nunca perde a oportunidade de impressionar: em vez de privilegiar seus sucessos – que são muitos – ela optou por interpretar o novo disco quase na íntegra. “Eu não estou aqui para ser popular. Estou aqui para ser livre”, disse. A casa do Brooklyn também reflete uma nova atitude da cantora, acostumada a se exibir para grandes plateias. Madonna irá se apresentar dezessete vezes no local, que comporta 2098 pessoas. O restante da turnê obedece a essa mesma linha de pensamento – apenas oito cidades serão visitadas por ela. “Não estou ganhando um centavo com esse show”, disse ao público. A proximidade com os fãs faz com que ela tome atitudes intimistas, como contar piadas, pedir desculpas pelo atraso (uma constante em seus espetáculos) e até filar uma cerveja de um admirador.

A cantora americana completou 61 anos no final de agosto. A chegada da maturidade não a impediu de mostrar os elementos comuns a uma apresentação digna de Madonna: tem ótimas coreografias, bailarinos e figurinos extravagantes. A parte musical é ainda mais elaborada, com elementos como trap – uma vertente mais eletrônica do rap – e novos nomes do showbiz. O rapper Swae Lee e o versejador latino Maluma, que participaram do novo álbum, fazem participações em vídeo. O tom provocador também permanece intacto. Numa recente entrevista a VEJA, ela tinha afirmado que seria “rebelde até o fim”. Madame X traz versos de James Baldwin, escritor negro e que se embrenhou pela luta dos direitos civis, na década de 60. Há referência à Joana D’arc e Tchaikovsky (um trecho do balé O Quebra Nozes) e até “policiais” que a retiram de um piano onde ela havia se instalado. Mas os celulares, que se tornaram vilões dos grandes shows, não tiveram vez em Madame X. Eles foram terminantemente proibidos (os fãs captaram uma ou outra imagem da cantora).

As referências de Madonna ao seu passado estão na releitura de Papa Don’t Preach, sucesso de 1986, numa versão adaptada para os novos tempos. Em vez de cantar “keep my baby”, ou seja, “ter o meu bebê”, ela defende o aborto. Express Yourself, de Like a Prayer (1989), contou com o coro das filhas Estere e Stella James. E Lourdes Maria, sua primogênita, faz uma aparição especial em Frozen, sombria balada de Ray of Light (1998). “Essa é uma garota que faz a lição de casa”, Madonna dispara novamente para a plateia. Nesse caso, quis mostrar sua conexão com Portugal. Há presença de um guitarrista lusitano, neto da fadista Celeste Rodrigues; Madonna canta Sodade, sucesso do repertório da caboverdeana Césaria Évora. Madonna é uma cantora que sabe se reinventar. (Veja)

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