Aproximadamente 900 pessoas foram evacuadas das áreas inundadas de Nova Kakhovka, que está sob controle das tropas russas; Korsunka está completamente submersa
A destruição da represa de parte superior da represa Kakhovka, localizada na Ucrânia e ocupada pela Rússia, virou mais um episódio na guerra de narrativas da guerra que se encaminha para o segundo ano. A autoria do ataque à região, que inundou vários municípios e está forçando a evacuação de milhares de pessoas no sul do país, é desconhecida, uma vez que Moscou e Kiev se acusam. Segundo a operadora ucraniana Ukrhydroenergo a central de energia elétrica vinculada à represa de Kakhovka está totalmente destruída. “A central não pode ser restaurada, está completamente destruída. A estrutura hidráulica está sendo arrastada pelas águas”, afirmou o diretor da Ukrhydroenergo, Igor Syrota. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirma que “a Rússia é culpada” pela destruição. “O mundo deve reagir. A Rússia está em guerra contra a vida, contra a natureza, contra a civilização”, afirmou no Telegram, antes de acusar Moscou de instalar minas e explodir a represa. “A Rússia explodiu uma bomba e provocou grandes danos ao meio ambiente”, afirmou Zelensky em um discurso por videoconferência para os “Nove de Bucareste”, um fórum que reúne nove países de Europa central e do leste do continente que são membros da Otan. “É a maior catástrofe ambiental provocada pelo ser humano na Europa em décadas”, acrescentou o chefe de Estado, em referência aos temores sobre a destruição da flora e da fauna nesta área do sul da Ucrânia. De acordo com o líder ucraniano, “terroristas russos causaram a detonação interna das estruturas da usina hidrelétrica de Nova Kakhovka”. Ele também rebateu as acusações russas e garantiu ser “fisicamente impossível explodir (o dique) de uma forma ou de outra pelo lado de fora, com bombardeios”. O chefe do Estado a Ucrânia ordenou a evacuação das áreas de maior risco de inundação, onde se encontram cerca de 80 cidades. Zelensky também pediu que fosse possível fornecer água potável “a todas as cidades e vilas” que dependiam da barragem destruída. “Fazemos tudo o que podemos para salvar as pessoas. Todos os serviços, o Exército, o governo, o gabinete do presidente estão envolvidos”, destacou Zelensky, que prometeu tomar “uma série de medidas internacionais e de segurança para que a Rússia pague por suas responsabilidades” no que descreveu como um “ataque terrorista “. Por sua vez, a assessora da presidência ucraniana, Daria Zavirna, afirmou em sua conta no Telegram que a Rússia “planejou a explosão da usina hidrelétrica de Kakhovka há muito tempo”. Zarivna disse que as autoridades de ocupação russas elevaram o nível da água ao máximo para intensificar as inundações resultantes da explosão da barragem. O Kremlin, por sua vez, nega que tenha envolvimento e alega que a culpa pela destruição é de Kiev, e disse que houve um ato de “sabotagem deliberado” e afirmou que um dos objetivos da Ucrânia é “privar de água” a região da Crimeia, península anexada pela Rússia em 2014 e conectada ao reservatório por meio de um canal. “Negamos categoricamente essas acusações. Trata-se de uma sabotagem deliberada, planejada e organizada por ordem do regime de Kiev”, disse o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, em sua entrevista coletiva diária por telefone. Ele rebateu de modo veemente as acusações das autoridades ucranianas, que atribuíram o ataque a Moscou. Ao mesmo tempo, Peskov redirecionou ao Ministério da Defesa da Rússia uma pergunta sobre o impacto do que aconteceu na campanha de guerra russa. Isso porque a barragem da usina hidrelétrica é de grande importância não só por suas capacidades energéticas, mas também porque conecta as margens direita e esquerda do rio Dnieper, que se tornou a linha de frente entre os Exércitos russo e ucraniano. Segundo Peskov, um dos objetivos do ataque era deixar sem água a península da Crimeia, que, no entanto, tem reservas suficientes em seus reservatórios para o momento.
O que aconteceu?
Por volta das 2h50 (20h50 de segunda-feira em Brasília), a represa Kakhovka foi atacada e destruindo, ocasionando uma avalhanche de água que ameça cerca de 80 cidades que corre o risco de ficarem inundadas. As autoridades impostas pela Rússia declararam estado de emergência nesta cidade da Ucrânia. Construída na década de 1950, durante o período soviético, a represa hidrelétrica de Kakhovka permite enviar água ao canal da Crimeia do Norte, que começa no sul da Ucrânia e atravessa toda a península da Crimeia. De acordo com Peskov, “o ato de sabotagem pode ter consequências muito graves para dezenas de milhares de habitantes da região”. A usina está sob controle russo e localizada no rio Dnieper, cuja margem oriental está sob ocupação das forças de Moscou, enquanto do outro lado da infraestrutura começa o território sob controle ucraniano. Cerca de 900 pessoas foram evacuadas das áreas inundadas da cidade ucraniana de Nova Kakhovka, que está sob controle da Rússia, após o rompimento da estrutura superior de uma barragem e o alagamento parcial da área, relataram as autoridades impostas pela Rússia na região. “Em Nova Kakhovka, as cheias atingiram a sede administrativa e o nível das águas continua a subir. Até agora, cerca de 900 pessoas foram evacuadas”, informou um representante dos serviços de emergência da cidade, citado pela agência russa “Interfax”.
De acordo com os dados mais recentes dos serviços de emergência, o nível da água subiu 12 metros em Nova Kakhovka, 11,2 metros na cidade de Dnipriani e 7,3 metros em Korsunka. Dnipriani e Korsunka – esta última completamente submersa – estão localizadas rio abaixo. O rompimento da barragem, produzido segundo a Rússia por um ataque com lançadores múltiplos de mísseis ucranianos Alder e segundo Kiev por uma explosão causada no interior da usina hidrelétrica, afeta 14 cidades onde vivem 22 mil pessoas, segundo o presidente do governo imposto por Moscou na região de Kherson, Andrei Alekseenko. A usina hidrelétrica de Kakhovka, a quinta maior da Ucrânia, tem capacidade de 334,8 megawatts. Seu reservatório, construído na década de 1950, continha 18 milhões de metros cúbicos de água antes do desastre desta terça.
JP com informações das agências internacionais