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MUNDO: ONU pede liberdade de Narges Mohammadi e afirma que Nobel da Paz destaca coragem das mulheres no Irã

por Ornan Serapião
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Ativista iraniana Narges Mohammadi na primeira conferência sobre violações de direitos humanos no Centro de Direitos Humanos em Teerã, Irã, realizada em 2005

Após o anúncio de que Narges Mohammadi, defensora dos direitos humanos, venceu o Prêmio Nobel da Paz 2023, a ONU se pronunciou sofre o resultado e pediu que o Irã libere a mulher que foi condenada em janeiro de 2022 a oito anos de prisão e 70 chibatadas. A jornalista para caso por seu posicionamento público há 22 anos, quando foi detida pela primeira vez. “O caso de Narges Mohammadi é emblemático sobre os enormes riscos que assumem as mulheres para defender os direitos humanos de todos os iranianos. Pedimos sua liberação e a de todos os defensores dos direitos humanos presos no Irã”, disse o Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, Liz Throssell. Ele também enfatizou que o prêmio destaca a coragem e a determinação das mulheres do Irã e como elas inspiram o mundo. “Vimos esta bravura e determinação diante da repressão, intimidação, violência e detenções”, afirmou a porta-voz, acrescentando que a vencedora é um símbolo das mulheres que “têm sido assediadas pela sua forma de vestir, e que sofrem com medidas legais e econômicas cada vez mais limitantes”.

O presidente do Comitê Norueguês do Nobel, Berit Reiss-Andersen, em Oslo, explicou que Mohammadi venceu “pela sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e pela sua luta para promover os direitos humanos e a liberdade para todos” e que o prêmio “reconhece as centenas de milhares de pessoas que se manifestaram contra as políticas de discriminação e opressão do regime teocrático contra as mulheres”. Em nota, a família da ativista destacou que o prêmio marca “um momento histórico para a luta do Irã pela liberdade”. Há um ano, diversas manifestações foram desencadeadas no país e outros pontos do mundo por causa da morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, que foi levada pela polícia da moral, sob alegação de não estar utilizando as vestimentas corretas. Dois meses antes, Mohammadi havia publicado um texto no Instagram contra o véu obrigatório: “Neste regime autoritário, a voz das mulheres é proibida, o cabelo das mulheres é proibido (…) Não aceitarei o hijab obrigatório”.

O ocorrido revoltou a população que saiu às ruas. Nesta semana, outro caso parecido foi relatado no Irã. Em 16 de setembro, ela e três outras prisioneiras queimaram seus véus no pátio da prisão, em memória do aniversário da morte de Mahsa Amini, segundo sua conta no Instagram, administrada por sua família. Pouco antes da ativista Mohammadi se consagrar vencedora do Nobel da Paz 2023, a suposta agressão conta uma mulher voltou mobilizar as organizações. Segundo o grupo direitos curdos Hengaw a adolescente Armita Geravand, 16, foi espancada e “gravemente ferida” no domingo, 1, pela polícia da moral. A Agressão teria acontecido no metrô de Teerã. Ela foi abordada por não estar utilizando o hijab, véu islâmico. As autoridades iranianas negam o caso. Apesar de não terem divulgado o estado de saúde da jovem, ativistas dizem que Geravand entrou em coma.

Mohammadi, que cumpre uma pena de 16 anos de prisão em Evin, já havia recebido este ano o Prêmio Guillermo Cano para a Liberdade de Imprensa da UNESCO, enquanto em 2022 foi reconhecida com o Prêmio à Coragem da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF). A ativista, que trabalhou durante anos para diversas publicações, também é vice-diretora da ONG Centro para Defensores dos Direitos Humanos em Teerã. Mesmo na prisão, Mohammadi tem relatado a situação “lamentável” dos prisioneiros no Irã, já que escreveu dezenas de artigos em seu cárcere, e tem sido maltratada e torturada apesar de sofrer de problemas cardíacos, como destacou a RSF ao anunciar sua distinção.

Não houve reação oficial imediata de Teerã, que chama os protestos de subversão liderada pelo Ocidente. Mas a agência de notícias semioficial Fars disse que Mohammadi “recebeu seu prêmio dos ocidentais” depois de ganhar as manchetes “devido aos seus atos contra a segurança nacional”. O Nobel da Paz é o quinto dos prêmios anunciados até agora, depois dos de Medicina, Física, Química e Literatura, e se segue ao atribuído em 2022 ao bielorrusso Ales Bialiatski e às organizações russas Memorial e à ucraniana Centro para as Liberdades Civis.

*Com informações das agências internacionais 

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