Cinco militares morreram afogados em um rio e um desapareceu quando tentavam fugir de manifestantes que os atacaram com pedras na região peruana de Puno, epicentro dos protestos contra o governo que substituiu, em dezembro, o então presidente, Pedro Castillo. O Ministério da Defesa reportou, nesta segunda-feira, 6, a descoberta dos cinco membros da patrulha que desapareceu ontem nas águas geladas e caudalosas do rio Ilave, afluente do Lago Titicaca (a 3.800 metros de altitude), na fronteira com a Bolívia. Já encontramos os cabos Elvis Pari, Franz Canazas e Alex Quispe Serrano, e os soldados Elías Lupaca e Percy Castillo”, informou o general Jhony León, comandante da Região Militar Sul, ao canal de TV N, acrescentando que os homens foram agredidos “pela população” enquanto cruzavam o rio. Brigadas da Marinha e do Exército buscavam um sexto militar. Um vídeo divulgado pelo Ministério da Defesa mostra 15 militares sentados em círculo e cobertos com mantas informando um oficial sobre o ocorrido em Puno. “Atravessamos o rio (…) porque não tínhamos outra escapatória para nenhum lado. Eram entre 800 e 900 pessoas, que nos cercaram e começaram a atirar pedras em nós (…) As pessoas nos chamavam de corruptos e assassinos”, contou o soldado Vilca. Segundo o soldado, os militares tentaram fazer uma corrente humana ao entrarem no rio, mas foram arrastados pelas águas.”Foi aí que a correnteza nos levou e alguns da tropa começaram a se afogar”, relatou.
No âmbito da crise política que resultou na queda de Castillo em 7 de dezembro, 53 pessoas morreram, incluindo os cinco soldados em Puno, em protestos e confrontos com a força pública. Segundo a Defensoria do Povo, também foram registrados 1,3 mil feridos, quase a metade deles uniformizados. Neste domingo, a Rede de Saúde de El Collao, em Puno, informou ter recebido cinco soldados com hipotermia, que foram resgatados por moradores enquanto estavam se afogando. Os militares afirmam que fugiam dos manifestantes que os atacaram com estilingues e pedaços de pau durante os protestos de camponeses contra o governo de Dina Boluarte, que substituiu Pedro Castillo após ele ser deposto pelo Congresso. “Quando chegaram ao rio, foram pressionados e apedrejados. Estamos intervindo naquele local sem causar o maior impacto. As Forças Armadas assumiram o controle da região de Puno”, declarou o General León.
A patrulha seguia de Ilave para a cidade de Juli, também em Puno, onde foram registrados confrontos no sábado, que deixaram ao menos 16 feridos entre civis e militares, além de uma delegacia incendiada. No próximo 7 de março, Dina Boluarte completa três meses no poder, após substituir Castillo, de quem era vice. Castillo foi afastado da Presidência após uma tentativa frustrada de golpe de Estado, enquanto era investigado por suspeita de corrupção. Professor rural de 53 anos e líder sindical, Castillo cumpre 18 meses de prisão preventiva na prisão Barbadillo, um pequeno centro de detenção para ex-presidentes, dentro do quartel da Direção de Operações Especiais da Polícia, a leste de Lima. Eleito para um mandato de cinco anos, o ex-presidente estava no cargo havia 17 meses quando foi deposto. Sua queda desatou os protestos violentos. (JP)