A delegação de Israel irá para o Catar nesta sexta-feira, 22, para dar continuidade, pelo quinto dia, as negociações sobre uma trégua na Faixa de Gaza e o retorno de 134 prisioneiros do grupo islâmico Hamas, informou o primeiro-ministro israelense, Benjamina Netanyahu. “A reunião de altos funcionários será realizada no âmbito das negociações de Doha e tem como objetivo avançar os esforços para devolver os sequestrados”, disse um comunicado do governo. A delegação é chefiada pelo chefe do Mossad, David Barnea. No Catar, Barnea se reunirá com o chefe da CIA, William Burns, com o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdul Rahman Al Thani, e com o ministro da Inteligência do Egito, Abbas Kamal.
Com esta mesma finalidade, também chegará a Israel na sexta-feira, procedente do Cairo, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que anunciou ter apresentado ao Conselho de Segurança da ONU uma resolução na qual, pela primeira vez, o governo americano pede especificamente “um cessar-fogo imediato” na Faixa de Gaza, depois de ter se oposto a três resoluções de outros países. Blinken está confiante que ainda é possível um cessar-fogo entre Israel e Hamas. Segundo ele, as brechas estão se aproximando nos diálogos em curso no Catar com vistas a um cessar-fogo entre Israel e Hamas em Gaza e a libertação dos reféns israelenses retidos no território palestino.
Os Estados Unidos “continuam a pressionar por um acordo em Doha”, disse o secretário de estado norte-americano durante coletiva de imprensa no Cairo, acrescentando que “é difícil chegar lá, mas acredito que ainda é possível”. Contudo, apesar dessa confiança, não se ter certeza de que a resolução será votada amanhã, nem se ela terá o apoio de nove nações e nenhum veto de um país membro permanente, duas condições necessárias para a aprovação de qualquer resolução.
Além disso, Blinken deixou claro que o cessar-fogo estaria “vinculado à libertação dos reféns” mantidos pelo Hamas, embora essa libertação não seja mais uma pré-condição, como constava nas versões anteriores do texto, que foi alterado até seis vezes em mais de um mês. As negociações de trégua, paralisadas há mais de um mês, foram retomadas indiretamente entre as partes há uma semana, quando o Hamas fez uma contraoferta a Israel que o Estado judeu descreveu como “pouco realista”, na qual o grupo islâmico continuou a exigir, em três fases, um cessar-fogo permanente e a saída das tropas israelenses da Faixa.
Osama Hamda, membro do escritório político do Hamas, disse na quarta-feira que a resposta de Israel à sua última proposta “em geral (foi) negativa”, de acordo com a previsão da imprensa israelense de pelo menos duas semanas de conversas e do Catar, que disse que ainda é “cedo” para falar de qualquer avanço. Em Gaza, depois de mais de cinco meses de guerra, o número de mortos se aproxima de 32.000 pessoas, a maioria delas mulheres e menores de idade. Mais da metade da população sofre com uma falta “catastrófica” de alimentos e cerca de 210.000 pessoas no norte já estão passando fome, segundo um relatório de insegurança alimentar respaldado pela ONU, divulgado há alguns dias. (JP)