MUNDO DA POLÍTICA: Esquerda vence eleições na França e freia ascensão da direita com ajuda do centro

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Eleitores se reuniram na Praça da República, no 10º distrito de Paris, para celebrar o resultado

O Ministério do Interior da França divulgou os dados definitivos da apuração dos votos do segundo turno das eleições legislativas no país, realizado neste domingo (7). A coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP) ficou em primeiro lugar, com 182 assentos da Assembleia Nacional, segundo o jornal francês Le Monde. A coalização centrista do presidente Emmanuel Macron, Juntos, vem em seguida, com 168 cadeiras. A direita, representada pela Reunião Nacional e aliados, ficou com 143 assentos. Segundo o levantamento do Le Monde, com base nos dados do ministério, os Republicanos terão 45 assentos, outros partidos de direita, 15, outras legendas de esquerda, 13, outros de centro, seis, regionalistas, quatro, e “diversos”, um. São 577 assentos no total. Nenhum partido ou aliança conseguiu maioria absoluta.

A Nova Frente Popular (NFP), coalizão de socialistas, comunistas, verdes e da esquerda radical, surpreendeu ao ficar em primeiro lugar no segundo turno das eleições legislativas antecipadas na França. Nenhum dos principais blocos políticos obteve maioria absoluta na Assembleia Nacional. Com o resultado, a questão do futuro governo permanece sem solução. Os acordos tácitos entre o governo de Emmanuel Macron, de centro, e a coalizão de esquerda, concentrando o voto no candidato com mais chances de derrotar o RN em cada circunscrição, frustraram a vitória da direita radical, mas não deram aos esquerdistas uma maioria absoluta, o que aumenta a incerteza sobre o futuro da França. O pleito foi marcado pelo forte comparecimento às urnas, com 67% de participação, o maior desde 1981.

No campo centrista, o ex-primeiro-ministro Édouard Philippe se colocou à disposição para reunir um conjunto de forças políticas e formar um novo governo. Desde a dissolução da AN, tanto Philippe quanto outras lideranças de centro e da direita moderada se dissociaram da imagem de Macron para tentar assumir a liderança do campo governista. O presidente Emmanuel Macron, que decidiu dissolver a AN na noite do dia 9 de junho, após a vitória do RN na França nas eleições europeias, para obter uma “clarificação” sobre o voto dos franceses, preferiu não falar publicamente nesta noite.

O atual primeiro-ministro, Gabriel Attal, eleito deputado pelo departamento Hauts-de-Seine disse que vai entregar a sua demissão na manhã desta segunda-feira (8), mas que estaria disposto a ficar no cargo o tempo que fosse preciso. Diante da dificuldade em se formar um governo sem maioria absoluta, Crowley acredita que – um fato inédito na tradição francesa – é possível que Macron espere passar o verão e os Jogos Olímpicos para nomear um novo primeiro-ministro.

RN lamenta não poder “endireitar o país”

Qualificado em 441 zonas eleitorais no segundo turno, depois de já ter eleito 39 deputados desde o primeiro turno, o RN e os seus aliados pareciam capazes de obter a maioria na Assembleia Nacional pela primeira vez na V República. Mas depois das inúmeras desistências ocorridas entre as duas rodadas, o partido de Marine Le Pen e Jordan Bardella perdeu a aposta. No entanto, melhorou sua pontuação em relação a 2022, quando enviou 89 deputados à AN. Jordan Bardella falou em nome de seu partido na noite de domingo.

Ele saudou o resultado inédito de seu partido nas legislativas, mas lamentou que, com a barragem, seu partido não tenha conseguido a maioria para “endireitar o país”. Em Paris, o único distrito em que o RN tinha um candidato no segundo turno foi o 16º, graças a uma aliança local entre o partido de direita Os Republicanos (LR) e o RN, o que é algo inédito numa cidade que tem tradição de votar à esquerda – e o 16º distrito tem uma tradição de votar LR.

Para esta eleição histórica, 30.000 policiais e gendarmes foram mobilizados em toda a França, incluindo 5.000 em Paris e seus subúrbios, segundo dados do Ministério do Interior. Por precaução, a maioria das lojas da famosa avenida Champs Elysées preferiu fechar as suas portas e cobrir as vitrines de vidro com grandes pedaços de madeira, para impedir que manifestantes quebrassem as vitrines e invadissem as lojas. Os manifestantes de esquerda se reuniram na Praça da República, no 10º distrito de Paris, para celebrar o resultado inesperado da NFP.

Publicado por Carolina Ferreira/JP

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