Quem anda pelas ruas do Japão, cada vez mais tem se deparado com as ‘casas de bruxa’ – são mais de 8,5 milhões -, que são residências abandonadas que tem sido cada vez mais comum nos países, uma vez que há mais moradias do que habitantes. Segundo dados obtidos pela ‘BBC, só em 2018, 13,6% das propriedades da terra do sol nascente eram registradas como ‘akiyas’, ou seja, que não tem herdeiros ou inquilinos. Diante do envelhecimento da população – 20% tem mais de 70 anos e as taxas de natalidade estão caindo – a tendência é que esse cenário piore e a quantidade de casas bruxa, que já são presentes em vilarejos e nas grandes cidades, aumentem. Desde de 2008 a população japonesa já perdeu 2 milhões de pessoas. Um relatório do Instituto de Pesquisa Nomura divulgado pelo ‘The Japan Time’ mostrou que até 2033 um terço de todas as casas japonesas estarão desocupadas.
Cidades na região metropolitana de Tóquio, capital do país, possuem ruas tomadas por essas moradias abandonadas. Em Setagaya, por exemplo, existem 50 mil akiyas. Se humanos não habitam esses espaços, as casas viraram o lugar favorito para cornos, cães e guaxinis que fazem dessas moradias o seu paraíso. Segundo o ‘Times’ o ciclo de vida dessas casas é: proprietários envelhecem, morrem e os herdeiros-, quando existem, as abandonam e vão morar nos grandes centros urbanos, isso porque é mais fácil para eles esquecer esses lugares do que demolir ou revitalizar, pois sairia caro. “Para os filhos de pais recentemente falecidos, a casa antiga em um beco estreito de Tóquio se torna mais um peso do que um bem. As casas de bruxa são contagiosas, o conjunto de casas abandonadas ainda prejudica o valor daquelas ao redor”, explica o editor de Ásia do The Times.
Como forma de tentar combater esse problema, prefeituras japonesas estão oferecendo casas gratuitas ou por pechincha para novos moradores. Eles já chegaram a oferecer 1 milhão de ienes (cerca de R$ 41 mil reais) por crianças para famílias que aceitarem se mudar de Tóquio. Atualmente as autoridades já oferecem um apoio financeiro no valor de 300 mil ienes (R$ 12.300) mas eles triplicaram para incentivar as pessoas a irem para áreas despovoadas. Esse incentivo está em vigor desde 2019. Essa estratégia já tem apresentado resultados. Em Okutama, uma das cidades que doou casa, segundo o jornal ‘Nikkei’, algumas delas vêm sendo transformadas em negócios, como oficinas e restaurantes. Em Tochigi e Nagano, que preferem uma vender os lugares a preço popular, uma casa de bruxa pode custas 50 mil ienes R$ 1.800. Com J.P.