Vice de Jair Bolsonaro, Hamilton Mourão tem evitado falar sobre a operação da Polícia Federal que prendeu os “kids pretos”, militares suspeitos de planejar as mortes de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes. A informação é da coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo.
De acordo com a publicação, o general adotou o silêncio em suas redes sociais e quando questionado. A coluna tentou contato com o senador por telefone e mensagem desde ontem, mas não houve retorno.
Em seu Instagram, enquanto eram revelados detalhes da trama golpista, Mourão fez apenas um post em que exaltava o Dia da Bandeira.
Sem qualquer menção à investigação da PF e seus colegas de farda, o general publicou: “Hoje, no Brasil, devemos celebrar o símbolo maior da nossa pátria, a Bandeira Nacional! Neste dia especial, homens e mulheres do Brasil devem rememorar a dedicação e a bravura dos que nos antecederam”.
Em fevereiro, quando deflagrada a operação Tempus Veritatis, que investigava uma organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado, Mourão foi duro nas palavras. Em discurso no Senado, o general afirmou que “nem Hitler ousou isso no começo de sua ascensão ao poder” e conclamou as Forças Armadas a reagirem ao que chamou de “arbítrios”, afirmou.
“Não tenho a mínima dúvida de que estamos caminhando para a implantação de um regime autoritário de fato no país. […] O que se vislumbra nessa onda de prisões e apreensões deflagradas hoje é a intenção de caracterizar as manifestações da população como fruto de uma conspiração golpista”.
Desta vez, em sessão no dia da operação Contagolpe, Mourão usou seu tempo para falar sobre quão difícil é a vida de um militar, “repleta de sacrifícios pessoais”. O fez para criticar os cortes de gastos em discussão no governo, que visam incluir os militares. E sugeriu que talvez “precisemos de uma guerra para que algumas pessoas entendam e sejam gratas pelo trabalho anônimo das mulheres e dos homens que defendem a pátria”, disse.
Há cerca de um ano, Mourão disse à CNN não acreditar em uma reunião de Bolsonaro com as Forças Armadas para tratar de um possível golpe de Estado no país. Pois bem. As apurações que vieram à tona anteontem mostraram que Alexandre de Moraes passou a ser monitorado após reunião na casa de Braga Netto, que seria chefe de um “gabinete de crise”.