Por Olívia Coutinho
Estamos na quarta semana da Quaresma! A riqueza da liturgia que nos fora apresentada ao longo deste tempo Quaresmal, nos aproximou mais de Deus, nos fez chegar a uma conclusão: não podemos viver de qualquer jeito, precisamos viver do jeito de Jesus, sem fugirmos das cruzes, sem buscarmos atalhos para encurtar o caminho!
O evangelho proposto para a nossa reflexão, no dia de hoje, nos mostra, mais uma vez, a preferência de Jesus pelos os excluídos. Ao se aproximar de um paralítico que ninguém via, Jesus nos ensina uma forma simples de nos aproximar de Deus, que é aproximando do irmão que sofre…
O episódio aconteceu em Jerusalém, numa festa dos judeus. Jesus vai à Jerusalém, mas não participa da festa religiosa juntos com os judeus, Ele ficou no meio dos coxos, dos paralíticos, dos cegos, um povo sem voz e sem vez, que buscava através de uma crença, a cura de seus males. Excluídos pela sociedade, este povo sofrido, ficava amontoado ao redor de uma piscina chamada Betesda em hebraico, a espera de que um anjo viesse movimentar a águas da piscina. Eles acreditavam que depois do borbulhar das águas, o primeiro doente que entrasse na piscina, cuja água, eles atribuíam ter um poder sobrenatural, ficaria curado.
Ao contrário dos fariseus, que estavam preocupados somente em guardar o sábado, Jesus permaneceu no meio daquele povo excluído e o seu olhar pairou sobre um paralítico, um excluído dos excluídos que estava ali há 38 anos, (o que significa uma vida inteira) a espera do milagre. Jesus pergunta-o: “Queres ficar curado?” O doente respondeu: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente.” Jesus disse: “Levanta-te, pega sua cama e anda”. No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou sua cama e começou a andar.
Podemos nos perguntar: se Jesus, já sabia que aquele paralítico estava ali há tantos anos a espera de uma cura, porque perguntar-lhe: “queres ficar curado?” Ao fazer esta pergunta ao paralítico, Jesus, dá a entender que a sua intenção, não era somente fazê-lo andar fisicamente, mas também despertá-lo para a “vida”, é como se Ele quisesse dizer ao paralítico: “ei, acorde para a vida, não fique preso a essa deficiência física, não espere pelo movimento de alguém, movimente você mesmo, faça o que você pode fazer, dentro da sua limitação!”
Hoje, Jesus pode nos fazer perguntas semelhantes: o que queres? O que podes fazer?
Não podemos ficar paralisados, presos no nosso comodismo, sem saber até mesmo o que queremos. Precisamos deixar de nos esconder atrás de pequenas “deficiências” para justificar o nosso comodismo.
O paralítico, que ficou 38 anos a espera de uma cura, simboliza todo aqueles que ficam presos nas suas deficiências, que não lutam para saírem de situações difíceis…
O texto nos chama a atenção também, sobre a nossa falta de solidariedade, ainda não aprendemos a enxergar o outro com olhar de Jesus, um olhar que não apenas constata a sua necessidade, mas que nos leve a ajuda-lo.
As águas que borbulhavam vez por outro na piscina, simboliza a imagem de um falso deus, um deus que lembra de vez em quando do seu povo, diferente do Deus verdadeiro. O nosso “Deus” é um Deus verdadeiro, um Deus presente, que nos ama, que nunca nos abandona! Somos nós, que muitas vezes, como filhos ingratos o abandonamos, que não correspondemos ao seu amor, principalmente quando somos indiferentes ao sofrimento dos nosso irmão…
Tenhamos o cuidado de não nos deixar contaminar com a pior de todas as cegueira: a cegueira de quem não quer enxergar e com a pior de todas as paralisias: o comodismo…
Não esqueçamos: Atrás de uma doença física, pode estar escondida uma ferida na alma, e muitas vezes, está em nossas mãos, a cura desta ferida.
Sejamos pois, a presença de Jesus na vida dos que sofrem…
QUE DEUS ABENÇOE A TODOS
FIQUEM NA PAZ DE JESUS!
Reflexão de Olivia Coutinho