Por Olívia Coutinho
O evangelho que a liturgia de hoje, coloca diante de nós, é considerado de difícil compreensão. Além de usar alguns termos figurados, Jesus faz algumas exigências difíceis de serem cumpridas por quem ainda não tem uma fé suficiente madura para enfrentar os desafios do seguimento a Ele. Para um melhor entendimento deste texto, é importante situarmos na história: Jesus está a caminho de Jerusalém acompanhado de seus discípulos. Sendo este caminho, um itinerário formativo para os discípulos de todos os tempos, é bom conscientizarmos de que os desafios continuam surgindo no nosso caminho, mas eles não podem nos fazer retroceder… À medida em que Jesus ia aproximando-se da cruz, Ele ia deixando cada vez mais claro, o que era necessário para que os discípulos continuassem com Ele… “Muitas exigências já tinham sido apresentadas a eles, como a renúncia dos bens terrenos Lc 14,33, a coragem para carregar a cruz…(14,27) e até mesmo a “ruptura” nas relações familiares Lc 14,26.” Até então, os discípulos, mesmo com dificuldades, pareciam dar conta de atender essas exigências, mas as recomendações citadas no evangelho de hoje, pesaram muito para eles. A essas alturas, os discípulos já tinham consciência de que somente pela fé, eles dariam conta de continuar no seguimento à Jesus. Junto com a advertência sobre os “escândalos”, Jesus apresenta a exigência mais difícil para eles, e que continua sendo difícil para muitos de nós também, que é a necessidade e a disponibilidade para perdoar de modo ilimitado. Abrir mão dos bens matérias, deixar família, abraçar a cruz, apesar de difícil, os discípulos conseguiram, mas a questão do perdão, era muito complicada para eles, afinal, eles ainda carregavam consigo a mentalidade do mundo que visa o revide… Perdoar quantas vezes for necessário, foi a exigência mais severa para os discípulos que entraram numa crise de fé. Foi a partir daí, que eles se deram conta de que ainda não tinham uma fé suficiente madura para superar tamanho desafio. O bonito, é que eles tiveram a humildade de recorrerem à Jesus: “Aumenta a nossa fé!” (v. 5). Jesus não os atende, afinal, fé é uma construção, um processo, não é algo que se tem de imediato e o tamanho da fé, não importa, o importante é a sua consistência… Ao pedido dos discípulos, Jesus não atende, mas nos faz entender, que a fé não se mede quantitativamente. Os discípulos consideravam que já tinham fé, mas não em quantidade suficiente para atenderem a exigência do perdão. Sendo que essa exigência, já estava contida no Pai-nosso: “Perdoai as nossas ofensas assim como perdoamos a quem nos ofendeu” (cf. Lc 11,4). O que deixou claro, que a oração ensinada por Jesus, também em resposta a um pedido deles, “Senhor, ensina-nos a orar” (cf. Lc 11,1-4), não estava sendo levada a sério por eles, pois se tivesse, eles não teriam tanta dificuldade em exercitar o perdão… Trazendo o evangelho para o hoje da nossa vida, vamos perceber que o seguimento à Jesus, não é um caminho de flores, neste caminho, têm flores sim, mas tem espinhos também! O caminho de um seguidor de Jesus, é, sem dúvida, um caminho difícil, pois nele está presente a cruz… “É importante ressaltar: “escândalo” no Novo Testamento não significa propriamente um comportamento moral inadequado, e sim um obstáculo para a entrada no Reino.” Meu irmão e minha irmã: Temos que ter o cuidado para não nos tornarmos, com o nosso falso testemunho, obstáculo que impede o outro de entrar no Reino dos céus. Precisamos ser ponte e não, pedra de tropeço para o nosso irmão… Pensemos nisso!
QUE DEUS ABENÇOE A TODOS!
FIQUEM NA PAZ DE JESUS!
Reflexão de Olivia Coutinho