Uma sequência de surpresas. Vamos lá, nos últimos dias (na verdade há tempos) a série de fatos aterradores, esquisitos, e com explicações esdrúxulas, se intensificou. Uma atrás da outra, variadas, com pitadas de terror, e até um certo humor, mas não dá para soltar gargalhadas com nossas gargantas secas e o ar irrespirável das estranhas e intensas queimadas, do clima descontrolado e seca histórica.
Ninguém replica. Ninguém explica. Apenas se aceita. Os assuntos morrem soterrados por outros e assim vamos caminhando, como se ninguém nos devesse qualquer explicação minimamente razoável de mais nada.
Começamos com uma internacional, Venezuela, onde obviamente ainda não será agora que removerão o ditador Maduro do poder. Não é que o maluco instituiu uma data nova para nada mais nada menos do que o Natal? Lá, por decreto, agora vai ser 1º de outubro, uma reles terça-feira. Mudou a certidão de nascimento de Jesus. Imagine o que mais pode vir de mente tão demente e perigosa.
A batalha X, do Elon Musk, versus o Brasil, escudado pelo STF, e que ninguém acreditaria há pouco que tiraria a rede do ar, surpresa! Tirou. E “tirada” continua. Novos êxodos estão sendo registrados, digitais, milhões seguindo para outros caminhos e redes como o BlueSky, da borboleta, e o Threads, da arroba. Praga do coitado do passarinho azul assassinado pelo bilionário quando comprou o Twitter?
No sábado, fim de tarde, um apagão atingiu por mais de duas horas uma boa parte da região central de São Paulo e Guarulhos. Breu. Explicação que apareceu: foi uma pipa que enroscou numa estação. Por acaso uma pipa com a rabiola de alumínio. Criancinhas danadas essas! Tudo parece tão normal quanto o uso da linha de cerol que já decepou a cabeça de muitos motociclistas. Assim ficamos. Até a próxima. Morte ou apagão. O assunto já morreu. Tem outra ação, constante: motoristas atropelam, matam, fogem, e invariavelmente quando pegos alegam não ter parado para prestar socorro por temerem violência, assalto ou sequestro.
O pau está comendo nas internas entre ministros do Governo Lula já faz é tempo, e pelos mais variados motivos, incluindo ciúmes, corrupção, benesses, fofocas, dedo de Janja. Transbordou. E uma grande, com sabor de escândalo. Denúncias de assédio sexual contra o ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida, e que envolveria Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial. (Sim, aqui temos ministros diferentes até para uma mesma causa geral). Espere guerra de versões, de egos, ataques e defesas, “investigações rigorosas”. Até agora, ao menos, bom que saibam: Silvio Almeida era mais bem visto e eficiente do que o apagado trabalho de Anielle.
Daqui a um mês, eleições municipais, prefeitos e vereadores. Em São Paulo a primeira vítima parece ser o marketing político, uma arte, mas que agora apenas gera campanhas de ódio, mentiras, absurdos, abusos e, claro, cenas hilárias. Vivi para ver, por exemplo, o sisudo tucano ex-deputado federal José Anibal, que concorre como vice de José Luiz Datena, andando para lá e para cá, com a aba do boné virada para trás, meio rapper. Tendo de ver o que há de pior aparecendo, o tal Marçal, enlameando a letra M com os dedinhos e bem escondido buscando jovialidade usando o boné como outdoor ambulante. No meio da campanha viajando para El Salvador – alguém me explique o que é que o maroto foi fazer por lá e nas cercanias?
Deve ter economia pesada na campanha dos vereadores do PL, partido do ex-presidente que ainda não decidiu qual barco vai, se do Nunes ou desse outro que até parece com ele tantas sandices. Na maquiagem. Repara que todos, todos, aparecem nos segundos usando o mesmo batom cor de laranja, o que os torna ainda mais estranhos do que já são, como se não bastassem os nomes e promessas que apresentam.
Marli Gonçalves – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em São Paulo, Capital. marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br