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Madrasta é presa suspeita de matar criança de 11 anos envenenada em Cuiabá para ter herança de R$ 800 mil

por Ornan Serapião
6 minutos para ler

Menina tinha direito a uma indenização pela morte da mãe durante o parto, por erro médico. Investigação apontou que a madrasta deu doses diárias de veneno para a enteada durante dois meses. Ela morreu em 14 de junho de 2019.

Uma mulher foi presa nesta segunda-feira (9) suspeita de ter matado a enteada de 11 anos envenenada, em Cuiabá. Segundo a Delegacia Especializada de Defesa da Criança e do Adolescente (Deddica), Jaira Gonçalves de Arruda, de 42 anos, cometeu o crime para conseguir a herança da vítima, de R$ 800 mil.

O G1 tenta localizar o advogado da mulher, que foi presa no bairro Parque Cuiabá.

A investigação apontou que a madrasta deu doses diárias de veneno para a menina durante dois meses. Uma substância de venda proibida foi ministrada gota a gota, entre abril e junho deste ano, de acordo com a Deddica. A operação que prendeu a mulher recebeu o nome do conto de fadas “Branca de Neve”.

Mirella Poliane Chue de Oliveira, de 11 anos, morreu em 14 de junho, após ser internada em um hospital particular na capital. Inicialmente houve suspeita de meningite, bem como de abuso sexual, que foi descartado em exame de necrópsia no Instituto de Medicina Legal (IML), da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec).

O laudo pericial, até aquele momento, apontava como morte por causa indeterminada. Depois, através de exames, foram detectadas duas substâncias no sangue da vítima: uma delas veneno que provoca intoxicação crônica ou aguda e a morte.

Segundo a polícia, a substância não é encontrada em medicamentos, portanto, a ingestão por humanos somente pode ocorrer de forma criminosa.

Os sintomas da ingestão são visão borrada, tosse, vômito, cólica, diarreia, tremores, confusão mental e convulsões.

Internações

A Deddica descobriu que a menina era envenenada aos poucos para não levantar suspeitas. Todas as vezes que a menina passava mal era levada ao hospital, onde ficava internada de três a sete dias dias e, depois, melhorava. Ao retornar para casa, ela voltava a adoecer.

Foram, ao todo, nove internações em dois meses. Ela recebia diagnósticos de infecção, pneumonia e até meningite. Na última vez em que foi parar no hospital, a menina já chegou morta. O hospital não quis declarar o óbito, mas suspeitava ser meningite.

Na ocasião, foi acionada a Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), que diante de falta de evidências sobre morte violenta, requisitou vários exames por precaução. Num deles, foi detectada a substância venenosa no sangue da menina.

Motivo

O caso foi encaminhado à Deddica que, por meio de investigação, descobriu o plano de envenenamento por conta de uma herança que a menina tinha recebido ao nascer.

Madrasta foi presa suspeita de matar criança de 11 anos envenenada em Cuiabá para ter herança de R$ 800 mil — Foto: Polícia Civil de Mato Grosso/Divulgação

A vítima tinha direito a uma indenização pela morte da mãe durante parto dela, por erro médico em um hospital da capital. A ação foi movida pelos avós materno da criança. Em 2019, após 10 anos, o processo foi encerrado e foi determinada a indenização de R$ 800 mil à família, incluindo os descontos de honorários advocatícios.

Parte do dinheiro ficaria depositado em uma conta para a menina movimentar somente na idade adulta. A Justiça autorizou que fosse usada uma pequena parte do dinheiro para despesas da criança, mas a maior quantia ficaria em depósito para uso após a maioridade, aos 24 anos. O dinheiro começou a ser pago neste ano.

Até 2018, a menina era criada pelo avós paternos. Em 2017, a avó morreu e, no ano seguinte, o avô também faleceu. Então, a garota passou a ser criada, naquele mesmo ano, pelo pai e pela madrasta. A partir daí, a mulher deu início ao plano de matar a criança para ficar com a indenização.

A suspeita foi ouvida após a morte da menina e contou que convive com o pai da vítima desde que ela tinha 2 anos de idade e que se considerava mãe dela.

Ela declarou que a afilhada começou a ficar doente em 17 de abril de 2019, apresentando dor de cabeça, tontura, dor na barriga e vômito. A suspeita foi levada para a sede da Deddica, em Cuiabá.(G1)

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