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LUIZ FERREIRA DA SILVA > O LÚDICO RIO CACHOEIRA

por Ornan Serapião
2 minutos para ler

Vivi quase 3 décadas apreciando a beleza do Rio Cachoeira, Itabuna/BA,
por um lado, e preocupado, pelo outro, com a degradação ambiental.
A primeira coisa que salta aos nossos olhos é ele ter construído toda
cidade, fornecendo areias do seu próprio leito. Como isso é possível sendo ele
um rio rochoso?
Ora, é a indicação clara do assoreamento da sua bacia pela insensatez
da deterioração da mata ciliar.
Era até lúdico a procissão de jegues carregando areias, bem como os
areeiros enchendo as suas canoas.
Outra constatação, a “alimentação” hídrica pelo Rio Almada via as águas
servíveis das residências.
Eu explico. O referido curso d’agua fornecia o precioso líquido aos
Itabunenses, que a esgotavam através das descargas dos banheiros, cujos
dejetos, sem tratamento, iam para o Rio Cachoeira.
Dessa forma, em certas ocasiões que este ficava quase seco, desnudo,
com suas pedras à mostra, era recarregado daquela maneira; um “by pass”,
tornando-o dependente lá do vale do Almada, como se fosse um afluente deste.
Em razão da cegueira, nada foi feito. Muitas conversas, poesias e
cânticos. Esqueceu-se de reconstruir as matas ribeirinhas, de regularizar o fluxo
hídrico com pequenas barragens, de investir no esgotamento sanitário e se
desenvolver um projeto de educação ambiental.
Um outro aspecto do Rio Cachoeira, o da sua beleza cênica; o leito de
pedras que proporciona condições ictiológicas favoráveis à produção de pitus,
havendo até uma curva, já perto de Ilhéus, que recebeu o seu nome.
Por outro lado, vale a pena expor uma conversa que tive com Zé Haroldo,
de saudosa memória, lá para os idos de 1980. Ele me confidenciou uma ideia de
ligar Itabuna-Ilhéus através de um monotrilho sobre a calha do Rio Cachoeira.
Acrescentei-lhe que seria fácil, pois as firmes e duras rochas facilitariam
a implantação dos pilares e, adicionalmente, a viagem seria cênica, visualizando
as roças de cacau, sentindo o ar oxigenado pelas matas cabrocadas, ademais
da velocidade, como se fora o nosso trem-bala japonês.
Maluquice, ou não?!

Contato: luizferreira1937@gmail.com

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