Após dois dias de julgamento, o comerciante Paulo Cupertino Matias, de 54 anos, foi condenado a 98 anos de prisão em regime fechado pelo assassinato do ator Rafael Miguel e de seus pais, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Miguel. O crime ocorreu em junho de 2019, na zona sul de São Paulo. A sentença foi anunciada nesta sexta-feira (30), no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste da capital paulista. O Tribunal do Júri, formado por quatro homens e três mulheres, considerou Cupertino culpado por triplo homicídio qualificado. Segundo o Ministério Público, ele agiu de forma premeditada, motivado pelo fato de não aceitar o namoro da filha, Isabela Tibcherani, com Rafael Miguel, conhecido por sua atuação na novela Chiquititas. O crime ocorreu na porta da casa onde morava a filha, e as vítimas foram mortas com 12 tiros — sete atingiram Rafael, três o pai e dois a mãe.
De acordo com os autos, Rafael e os pais acompanharam Isabela até a casa dela, com o objetivo de conversar com Cupertino sobre o relacionamento do casal. Ao chegarem, foram surpreendidos pelo homem, que teria se exaltado e disparado contra os três. Todos morreram no local. Isabela relatou à Justiça que o pai era violento, controlava sua vida e havia agredido fisicamente tanto ela quanto sua mãe em diversas ocasiões. Durante o julgamento, ela pediu para depor sem a presença do pai e classificou Cupertino como machista, autoritário e agressivo. A mãe, Vanessa Tibcherani, também prestou depoimento e disse ter sido vítima de diversas agressões durante o casamento. Ela afirmou que Cupertino assassinou “a sangue frio” o ator e seus pais.
Após o crime, Paulo Cupertino ficou foragido por quase três anos, usando disfarces e identidades falsas. Foi localizado e preso em maio de 2022, escondido em um hotel no bairro de Interlagos, próximo ao local onde o crime foi cometido. Durante o julgamento, o promotor Thiago Marin afirmou que Cupertino foi motivado pelo “ódio” e que sua atitude foi “covarde”. Já Rogério Zagallo, promotor que acompanha Marin, destacou que não houve latrocínio, pois nada foi roubado, e destacou que o réu teve posse de arma do mesmo calibre usado no crime. Os promotores também apontaram que Cupertino usou o próprio carro para fugir, sem prestar qualquer socorro às vítimas.
A defesa, liderada pela advogada Mirian Nunes Souza, sustentou que não havia provas materiais suficientes para condenar o réu e afirmou que não houve exame de corpo de delito imediato. Argumentou ainda que as testemunhas ouvidas não presenciaram diretamente o crime. A advogada também tentou desacreditar o depoimento da filha do réu, alegando que ela teria se beneficiado da repercussão do caso.
Apesar dos argumentos da defesa, o júri considerou as provas e depoimentos suficientes para condenar Cupertino por triplo homicídio qualificado, com agravantes como motivo fútil, impossibilidade de defesa das vítimas e uso de recurso que dificultou a reação. Além da pena de 98 anos, a sentença inclui a perda de direitos políticos e o cumprimento da pena em regime fechado. Cupertino ainda poderá recorrer da decisão, mas seguirá preso. (JP)
Montagem: Divulgação/Polícia Civil e Arquivo Pessoal