Donos do poder não desejam retorno de Lula; petista é usado pelo mecanismo apenas para tentar induzir Bolsonaro a um erro que comprometa seu futuro político e a governabilidade
Os cerca de cem dias de campanha eleitoral devem ser os mais tensos dos últimos tempos, em termos de instabilidade política e econômica. As turbulências vão se intensificar. O Estamento Burocrático sabe que Jair Bolsonaro tem toda chance de se reeleger. O Establishment não tem interesse numa vitória de Lula da Silva, embora possa parecer o contrário. O plano era a “terceira via”, que não se viabilizou novamente, a exemplo de 2018. Por isso, o golpe armado não é para derrotar Bolsonaro no primeiro e no segundo turno. O jogo é mais sutil. Até porque, a essa altura da competição, Bolsonaro só perderia, de fato, para ele mesmo.
A prioridade é impedir que ele seja escolhido junto com uma base política sólida, na Câmara e, principalmente, no Senado. Se ele não conquistar esse apoio, será fácil destroná-lo da cadeira elétrica do Palácio do Planalto no próximo mandato, a exemplo do que ocorreu com Dilma Rousseff. O motivo pode ser qualquer um inventado pela oposição, que acionará o Ministério Público e deixará que a Juristocracia complete o serviço sujo golpista. Acontece que essa jogada já está manjada por Bolsonaro e seus apoiadores. A maioria dos brasileiros rejeita tal manobra. E torce para que o Brasil retome o caminho do crescimento e do desenvolvimento que vários indicadores estruturais apontam.
Por isso, é fundamental que a esquerda cleptocrática não retorne ao poder, porque ela representa o atraso, a corrupção e a escravidão do brasileiro à ditadura criminosa. O velho Foro de São Paulo, fundado por Fidel Castro e Lula da Silva em julho de 1990, é uma organização que reúne partidos de esquerda em 30 países na América Latina e Caribe. Recentemente, mudou de nome para Grupo de Puebla, que congrega 111 partidos e organizações. Muitas delas são grupos revolucionários apoiados por narcoguerrilhas. No Brasil, o narconegócio é o controlador do mecanismo do Crime Institucionalizado — definido como a associação delitiva entre criminosos de toda espécie e membros da máquina estatal, nos poderes da União, estados e municípios. As facções criminosas — traficantes de todo tipo e milícias — têm atuação política direta e indireta. Interferem nas decisões estatais, nos negócios entre iniciativa privada e setor público e, por extensão, exercem influência política, financiando candidaturas e elegendo seus representantes.
Se houver interesse político, basta um pente fino investigativo para verificar onde cada parlamentar (vereador, deputado federal, estadual e vereador), prefeito, governador e até presidente da República consegue voto para se eleger. Também valeria uma checagem sobre quem financia cada campanha, em cada região. Esse trabalho de inteligência é indispensável. Ainda mais porque não existe mais tempo a perder. O Brasil tem de evoluir para uma nação capitalista, empreendedora, mais honesta, deixando de ser o País do Cartel, do Cartório e da Corrupção — o trio maldito que nos mantém no atraso. A economia brasileira começa a reagir, com perspectiva de bombar. Não dá mais para aceitar retrocesso.
* Jorge Serrão, Jornalista, professor e flamenguista. É editor-chefe do blog Alerta Total e comentarista do programa 3 em 1 da Jovem Pan.