A União Europeia anunciou nesta quinta-feira (10) a suspensão, por 90 dias, das contramedidas contra as tarifas alfandegárias impostas pelos Estados Unidos. A decisão ocorre após o presidente americano, Donald Trump, declarar uma pausa na aplicação de novas tarifas a dezenas de países — com exceção da China. A medida da Casa Branca foi vista pela UE como um gesto positivo. Em comunicado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que o bloco quer “dar uma chance às negociações”, mas alertou que, se não houver avanços, as contramedidas europeias entrarão em vigor. “Todas as opções continuam sobre a mesa”, disse. Apesar da trégua temporária para outros países, Trump manteve o aumento das tarifas contra produtos chineses, que agora chegam a 145% após novo decreto emitido pela Casa Branca nesta quinta. Segundo o texto, o aumento de 125% nas tarifas contra Pequim, anunciado na quarta-feira por Trump, se soma aos 20% em vigor desde o início de março como parte do combate ao tráfico de fentanil. Já o governo chinês elevou suas tarifas sobre importações dos EUA para 84%. A China classificou as medidas como prejudiciais à estabilidade econômica global e pediu um “acordo de meio-termo”. “O diálogo está aberto, mas precisa ser baseado no respeito mútuo”, afirmou a porta-voz do Ministério do Comércio chinês, He Yongqian. Caso contrário, disse, a China “lutará até o fim”. Como parte das represálias, Pequim também anunciou que vai reduzir o número de filmes americanos exibidos no país. O Canadá, por meio do primeiro-ministro Mark Carney, considerou a pausa tarifária “um alívio” e informou que pretende iniciar conversas com os EUA após as eleições de 28 de abril. Vietnã e Paquistão também anunciaram a intenção de abrir diálogo com o governo americano. Trump demonstrou otimismo quanto a novos acordos comerciais. “Haverá um acordo com a China. Haverá um acordo com cada um dos países”, afirmou. Segundo ele, a política tarifária visa fortalecer a indústria dos EUA, incentivando empresas a retornarem ao território americano. O anúncio das tarifas provocou forte instabilidade nos mercados financeiros. Embora Wall Street tenha registrado alta na quarta-feira — com o índice Nasdaq subindo 12% e o S&P 500 avançando 9,5% —, a quinta-feira começou com queda: Dow Jones recuou 1,64%, o Nasdaq caiu 2,71% e o S&P 500, 2,11%. Na Ásia e na Europa, o movimento foi de recuperação. A Bolsa de Tóquio fechou em alta de 9,1%. Paris e Frankfurt registraram ganhos superiores a 5% durante a tarde, enquanto Londres subia 4,5%.
O assessor comercial da Casa Branca, Peter Navarro, declarou que os próximos 90 dias serão decisivos para os EUA. “Estamos em uma posição excelente para buscar acordos comerciais”, disse à rede ABC News. Segundo ele, mais de 75 países já demonstraram interesse em negociar com Washington. Apesar do otimismo, o dólar teve queda no mercado internacional, pressionado pela desaceleração da inflação nos EUA. Às 13h15 GMT (10h15 em Brasília), o euro era cotado a US$ 1,1115 (+1,49%) e a libra a US$ 1,2918 (+0,75%). (JP)
Jade Gao/AFP