Nesta segunda-feira, 20 de novembro, comemoramos o Dia da Consciência Negra e, por estarmos na localidade mais negra fora da África, falar de negritude deveria ser sinônimo de alegria, com exemplos de espaços tomados, de cargos de lideranças assumidos, de sucesso na carreira e na vida pessoal de um povo que compõe mais de 80% da população baiana, conforme dados da PNAD-IBGE no ano de 2022.
Contudo, o que vemos é um cenário desolador, de muita luta e trabalho por justiça, por sobrevivência e as comemorações da Consciência Negra deixam de ser a festa da ancestralidade, das tradições de uma nação, para dar espaço à discussão política de segurança pública, de combate ao racismo e à construção de uma sociedade mais equânime e justa.
Pensando neste cenário, a Prefeitura de Ilhéus promove diversas ações em alusão ao Novembro Negro, proporcionando espaços de celebração, exaltando a cultura afro-brasileira e convidando grandes artistas para abrilhantar a campanha. O Novembro Negro de Ilhéus é o maior da história, pela mobilização, pelas apresentações da Banda Olodum, do cantor Edson Gomes, de bandas e grupos locais.
Mais ainda por trazer culturas até então marginalizadas e tidas como “menores” por muitos que precisam ganhar os holofotes de eventos públicos, como foi a Batalha da Ilha.
Dia da Consciência Negra
Nesta segunda-feira (20), a rede municipal de ensino fortalece as atividades com a realização da II Marcha da Consciência Negra. Sob o tema “Escravidão, nunca mais. Racismo, nunca mais!”, a Escola Professora Horizontina Conceição promove uma grande mobilização no bairro Hernani Sá, a partir das 14h. No próximo domingo (26), acontece o I Sarau Negro, também realizado pelos alunos da escola.
“É importante falarmos da II Marcha da Consciência Negra, principalmente quando a gente fala da aplicação da Lei 11.645 [que inclui no currículo oficial da rede de ensino a temática ‘História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena’], nos espaços de sala de aula, valorizando a cultura negra e a história do povo africano. Porém, o que é mais belo dessa marcha é a produção realizada pelos alunos, por aqueles, de fato, que são os maiores beneficiários dessa proposta”, exaltou o professor Erlon Costa, organizador das atividades.
Além disso, o Novembro Negro em Ilhéus pretende combater o racismo estrutural presente na sociedade. Por meio de atividades educativas, debates, rodas de conversa e manifestações culturais, buscando promover a conscientização sobre a importância da igualdade racial, do respeito à diversidade e da valorização da história e das contribuições dos negros para o desenvolvimento do país.
Também pode ser considerado um sopro de conscientização quando a segurança do povo negro, que entra ano e sai ano, continua sendo a maior vítima dos mais variados tipos de violências. “Comemorar o Novembro Negro é trazer a evidência de uma cultura que nos formou enquanto sociedade, é trazermos a nossa ancestralidade, uma vez que a nossa terra é a mais negra, fora da África. Por isso, a Prefeitura de Ilhéus busca comemorar, trazendo grandes shows e valorizando a cultura local”, disse o prefeito Mário Alexandre.
O Novembro Negro em Ilhéus tem este papel importante de luta e construção de uma sociedade mais justa e igualitária. E, ao reconhecer e valorizar a cultura negra, através da inclusão social, do respeito às diferenças e do combate ao racismo.
“Dia de comemorar a nossa ancestralidade e resistência, de denunciarmos o racismo estrutural e todas as negações de direitos ao povo preto. Também é dia de comemorar as nossas conquistas, que são muitas, mas continuar nos aquilombando para avançar em nossa agenda por reparação, educação, saúde, habitação, emprego e cultura e vida digna para os jovens negros”, declarou o vice-prefeito Bebeto Galvão.
Ascom