A 1ª vez que a Revista Veja atacou uma mulher ligada a Jair Bolsonaro foi durante a campanha presidencial, onde ela explorou de forma covarde e sensacionalista, contando com suas próprias palavras, recheadas de acusações e calúnias (até de roubo se falou) como transcorreu um processo que tramitou sob sigilo na Vara de Família do Rio de Janeiro, no qual eram partes Jair Bolsonaro e a mãe de seu filho Renan, Ana Cristina Valle, sua 2ª esposa.O folhetim não conseguiu seu intento naquela ocasião, que era atingir Jair Bolsonaro e prejudicá-lo na campanha presidencial. Mas certamente a matéria deve ter levado aquela senhora de mais de 50 anos, que vive uma vida tranquila na cidade de Resende, no Estado do RJ, no mínimo, a perder sua paz de espírito.Não aconteceu nada para a Revista Veja. Ela não se retratou, não pediu desculpas e não sofreu qualquer reprimenda. Ficou por isso mesmo.Assim é a imprensa livre, mesmo. Cada um que publique o que quiser. Compete apenas aos leitores avaliarem a credibilidade do material.E por eventual excesso, que se responsabilize judicialmente quem publicou. O Código Civil assegura a qualquer ofendido a mais ampla reparação, na exata extensão dos danos sofridos.Essa é a regra do jogo aqui no Brasil e nas outras democracias mundo afora. A responsabilização reparatória é assegurada aos cidadãos, mas a maior punição aos veículos ofensores vem, mesmo, dos leitores, que cancelam as assinaturas e não consomem mais aquela mídia, que perde a sua credibilidade.Pois eis que agora, na edição dessa semana, volta a Revista Veja novamente as suas baterias contra uma mulher ligada a Jair Bolsonaro.A bola da vez é Michele Bolsonaro, alvo de uma matéria absurdamente desrespeitosa à figura da Primeira-Dama, com a exploração sensacionalista da notícia que seus familiares se envolveram com práticas criminosas há 20 anos, em 1997.É a 2ª vez, portanto, que a revista golpeia covardemente mulheres ligadas a Jair Bolsonaro, em uma atitude inequivocamente misógina.O mesmo comportamento padronizado de um ano atrás; o mesmo “modus operandi”; o mesmo método de ação.E, assim como na 1ª publicação, não acontecerá nada com a revista dessa vez também.Tenho certeza que o Presidente e a família da Primeira-Dama não farão nada contra a revista. Além de terem coisas mais importantes para resolver do que mover o Judiciário com algo dessa natureza, certamente eles levam a liberdade de imprensa a sério, e respeitam o direito de cada veículo publicar o que bem entender.Mas fica aqui uma pergunta, apenas para instaurar o debate: qual o limite do razoável para a mídia? Até onde ela pode ir? Na sua atividade, ela pode ser, aparentemente, criminosa? Ela pode ser misógina?
Guillermo Federico Piacesi Ramos, Advogado
Matéria publicada no jornal da cidade online em 19.08.2017