Início » Governo do Estado tenta ‘tomar’ caso de advogada da família de pedreiro morto na Vila Kennedy

Governo do Estado tenta ‘tomar’ caso de advogada da família de pedreiro morto na Vila Kennedy

por Ornan Serapião
4 minutos para ler

Representantes da Secretaria Estadual de Vitimização chegaram no IML de São Cristóvão pedindo que a defesa dos irmãos de José Baía abandonasse o caso, segundo familiares

Rio – Duas advogadas da Secretaria Estadual de Vitimização procuraram a família do pedreiro José Pio Baía Júnior, no final da manhã desta quarta-feira, no Instituto Médico Legal (IML) de São Cristóvão, e foram recebidas com surpresa pelos irmãos dele e pela advogada da família, Paula Lindo. Os parentes do homem – que foi morto durante uma operação da Polícia Militar na comunidade da Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio, na terça-feira – contaram que não esperavam a chegada das representantes do governo do Estado e a situação gerou um conflito entre elas e Paula, devido ao pedido para que ela abandonasse a defesa da família de José. 


A dupla de juristas da secretaria chegou no IML, por volta das 11h30, procurando por Janilson Baía, que estava numa sala com policiais civis e sua advogada. Segundo Paula, uma das funcionárias do governo entrou pedindo para que ela se retirasse do caso, que a partir daquele momento, o Estado iria assessorar juridicamente a família.

A situação chegou a gerar uma breve discussão entre as advogadas e Paula Lindo afirmou que “o caso seria acompanhado por quem a família quisesse”, dizendo que as colegas não poderiam ter chegado daquela maneira. 


“Elas quiseram assumir todo o processo, pedindo que eu me afastasse. Foi uma abordagem bastante infeliz, de maneira desrespeitosa. Mas, de qualquer forma, a ajuda do Estado é sempre bem-vinda”, declarou a advogada Paula Lindo.

De acordo com os parentes do pedreiro, a Secretaria de Vitimização entrou em contato com eles por telefone, durante a noite de terça-feira, mais de oito horas depois de José ter sido baleado enquanto trabalhava fazendo uma laje na comunidade. A família acredita que o tiro tenha sido disparado por PMs do 14º BPM (Bangu) e caso a suspeita se confirme, pretende processar o Estado do Rio.

Durante a ligação, o Estado perguntou se eles precisavam de assistência para o sepultamento, entretanto, o serviço já havia sido oferecido pela prefeitura de Barão de Monte Alto, em Minas Gerais. A vítima era mineira, nascida no distrito de Cachoeira Alegre.

“Quando eles me ligaram oferecendo ajuda para o enterro, eu avisei que a prefeitura da nossa cidade natal já havia nos prestado esse auxílio, custeando sepultamento e o translado do corpo. Então, a representante da secretaria de Vitimização mandou que eu enviasse uma mensagem de texto ou áudio, falando que eu não precisava da ajuda. A prefeitura da nossa cidade entrou em contato com a gente assim que soube do que aconteceu, no início da tarde”, contou Janilson. 

Procurada a respeito da ida das advogadas ao IML, a assessoria de imprensa da Secretaria de Vitimização informou que estava em contato com os irmão da vítima desde o ocorrido e que o encontro foi marcado aquele horário (às 11h30) junto à família, para ajudar em relação ao translado do corpo para sua cidade natal.

No entanto, os irmãos de José negam que tenham agendado qualquer contato pessoal com representantes estaduais.

A Secretaria de Vitimização ainda complementou que oferece toda a ajuda que pode oferecer, o que inclui o acompanhamento de um advogado do Estado, e que aceitar é uma opção da família.(O Dia)

Postagens Relacionadas

Deixe um comentário