Na minha infância, no interior nordestino, lembro-me muito bem de uma frase – cachorro de fateira – atribuída às pessoas com ideia fixa ou movidas por uma paixão; muitas vezes causando constrangimentos ou desconforto.
Fateira, era uma mulher com um balaio cheio de fato de porco (vísceras, a exemplo das tripas), vendendo pelas ruas, cujo cheiro forte exalado, inclusive de suas vestes, atraia os cachorros, seguindo-a.
Assistindo aos jogos da seleção, minha cabeça deu um “revertero” e me vi na rua das vassouras assistindo aquela procissão canina.
Dez (10) jogadores correndo atrás de uma bola, sem a organização dos cachorros famintos, que se postavam ordenadamente em fila indiana e não maltratavam a vendedora de fato, diferentemente dos milionários da nossa seleção.
Araraquara, SP, onde nasceu o nosso técnico Dorival Júnior, dista muitos quilômetros de Coruripe e, com certeza, nem sabe o que é “mulher-fateira”, mas telepaticamente a incorporou no seu manual estratégico futebolístico.
E deu no que deu! (11.10.2024).
*Luiz Ferreira da Silva, 87 anos, pesquisador aposentado e ex- diretor do Cepec. Autor de 75 trabalhos científicos, 5 livros técnicos e 25 obras literárias.
Para contactá-lo: luizferreira1937@gmail.com