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ELEIÇÕES INTERNACIONAIS > Conservadores vencem eleições legislativas na Alemanha, aponta boca de urna

por Ornan Serapião
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Por Jovem Pan 
Os conservadores do candidato Friedrich Merz venceram as eleições legislativas neste domingo (23) na Alemanha, à frente do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que obteve o melhor resultado de sua história, de acordo com as pesquisas de boca de urna das emissoras de televisão públicas.

A aliança conservadora CDU/CSU conquistou de 28,5% a 29% dos votos, segundo as pesquisas divulgadas pelas televisões públicas ARD e ZDF. Já AfD obteve de 19,5% a 20%, resultado inédito para um partido de extrema direita em uma eleição federal no pós-guerra. Friedrich Merz, um advogado de 69 anos que tem grandes chances de substituir o social-democrata Olaf Scholz como chanceler, descartou qualquer aliança com a AfD e declarou que deseja que o governo seja formado “o mais rápido possível” para enfrentar os desafios internacionais.

“Conseguimos um resultado histórico”, disse Alice Weidel aos apoiadores da AfD em Berlim, e garantiu que o partido anti-imigração agora está “firmemente ancorado” no panorama político alemão. A campanha eleitoral foi marcada pelo retorno de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos e pelo crescimento da extrema direita.

A Alemanha enfrenta desafios que abalam seu modelo de prosperidade e inquietam a população. “Estamos atravessando um período muito incerto”, apontou Daniel Hofmann, um urbanista de 62 anos, ao sair de uma seção eleitoral em Berlim. O país precisa de “uma mudança, uma transformação”, declarou Hofmann, que disse estar preocupado com a “segurança europeia” no contexto da guerra na Ucrânia.

O próximo governo enfrentará a recessão econômica, as ameaças de uma guerra comercial com Washington, além da dúvida sobre o “guarda-chuva” dos Estados Unidos, que a Alemanha contava para garantir sua segurança. “Enviem um sinal a favor de uma mudança política urgente e necessária”, escreveu Merz na rede social X.

Às 14h locais (10h de Brasília) a taxa de participação nacional era de 52%, muito maior do que nas eleições anteriores. Mais de 59 milhões de alemães foram chamados a votar até as 18h locais (12h de Brasília).

Clima tenso

Para Reinhardt Schumacher, que foi votar em Duisburgo, no oeste industrial da Alemanha, a ascensão da AfD “é um sinal de alerta. Algo tem que mudar”. Este aposentado de 64 anos se recusa a votar neste partido, que considera “radical demais”, mas ressaltou que não se deve “ignorar” as motivações de seus eleitores.

O partido anti-imigração e pró-Rússia conseguiu impor seus temas durante a campanha, que aconteceu em um clima tenso, marcado por vários ataques fatais executados nas últimas semanas por estrangeiros no país. O mais recente aconteceu na sexta-feira. Um refugiado sírio de 19 anos feriu gravemente um turista espanhol no Memorial do Holocausto em Berlim. As autoridades alemãs afirmaram que o objetivo do agressor era “matar judeus”.

A campanha também foi influenciada pelas ordens executivas e declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assim como pela interferência de seu entorno a favor da extrema direita.

O vice-presidente americano, JD Vance, e o bilionário Elon Musk, assessor de Trump, apoiaram a AfD e aumentaram a visibilidade do partido de extrema direita. “AfD!”, voltou a postar Musk no sábado à noite, em uma mensagem acompanhada de bandeiras da Alemanha.

As eleições antecipadas ocorreram na véspera do terceiro aniversário da invasão russa à Ucrânia, que provocou um choque na Alemanha. O conflito acabou com o fornecimento de gás russo e o país abrigou mais de um milhão de ucranianos. A perspectiva de uma paz estabelecida com um acordo negociado entre Estados Unidos e a Rússia, sem a participação da Ucrânia e dos europeus, é outra preocupação.

Incerteza

As diferentes forças políticas alemãs precisarão formar uma coalizão para governar, o que pode levar semanas ou meses para ser concretizado. Para isso, o bloco conservador CDU/CSU, que descartou uma aliança com a AfD apesar de uma aproximação parlamentar durante a campanha na questão migratória, deverá procurar o Partido Social-Democrata (SPD), que está deixando o governo.

FOTO: INA FASSBENDER / AFP

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