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EDITORIAL DO ESTADÃO – Confiança estaciona em nível baixo

por Ornan Serapião
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Depois de uma queda aguda em abril, os índices de confiança dos consumidores e das empresas se estabilizaram. É indício de que o auge dos temores com a crise sanitária parece estar chegando ao fim ou mesmo sendo superado, como se pode deduzir da prévia dos indicadores de confiança apurada em 13 de maio, em caráter extraordinário, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

Como notou a coordenadora das sondagens da FGV, Viviane Seda Bittencourt, a acomodação dos indicadores se dá “em patamares extremamente baixos”, sob o impacto da pandemia de covid-19. Parte dos agentes econômicos “calibrou expectativas” ao migrar de respostas pessimistas para opções “mais neutras”. Pode estar ocorrendo, explicou Viviane, “uma adaptação das expectativas ao ‘novo normal’ do período de crise”.

O Índice de Confiança Empresarial (ICE), que consolida os índices de confiança setoriais produzidos pela FGV, registrou alta de 7,7 pontos em relação a março, para 63,5 pontos, mas continua muito abaixo do termo médio de 100 pontos que separam os campos positivo e negativo. Para o ICE de 13/5 concorreram a relativa estabilidade do Índice de Situação Atual dos Empresários (ISA-E), que variou apenas 0,1 ponto, para 61,6 pontos, e a alta de 9,8 pontos do Índice de Expectativas Empresarial (IE-E), para 61,3 pontos.

Melhoraram, no ICE, os indicadores de serviços, de comércio e de construção, enquanto pioraram os dados da indústria, alcançando 57 pontos.

Já o Índice de Confiança do Consumidor subiu 6,5 pontos, para 64,7 pontos. O indicador foi mais influenciado pelas perspectivas, que haviam atingido um nível baixíssimo em abril, do que pela situação atual, que pouco variou.

A velocidade de queda da confiança constatada até abril foi tão intensa que motivou os especialistas da FGV a verificarem até que ponto os níveis poderiam chegar, pois eles são importantes tanto para revelar a disposição de consumo das famílias como a capacidade de resistência das empresas ao impacto econômico da crise. O que parece se delinear é que a situação das famílias, graças a medidas como o auxílio emergencial, é menos crítica do que a das empresas, cujo maior problema é a falta de amplo acesso ao crédito para superar a fase de graves adversidades.

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