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ECONOMIA – Petrobras vai investir em plantas de geração térmica no Comperj

por Ornan Serapião
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O Dia – “A área de Itaboraí vai renascer como um grande centro de geração térmica”. Com essa frase o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, detalhou dois projetos que estão em andamento no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, em café com jornalistas. Segundo ele, um projeto é a construção de plantas de geração de energia termelétrica com gás natural do pré-sal, que será feita em parceria com a Equinor. “Existe um gasoduto que está sendo construído, a UPGN (Unidade de Produção de Gás Natural), (o Comperj) será um excelente local para construção de plantas térmicas”, acrescentou Castello Branco. O presidente da estatal voltou a falar sobre a utilização do Comperj para produzir lubrificantes de 2ª geração utilizando dutos da Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), conforme O DIA publicou no último dia 9. A expectativa é de geração de empregos na região.

Segundo Castello Branco, a térmica seria uma oportunidade de custo baixo para escoar a grande produção de gás natural, que é desperdiçado atualmente. “A ideia é construir uma planta (unidade), mas ainda está sendo definido. Seria uma boa forma de utilização do gás do pré-sal. Aquela área de Itaboraí pode renascer como um grande centro de energia térmica. As ideias dos dois projetos estão andando, mas ainda não foram aprovados pela diretoria”, disse.

O presidente da estatal informou que ainda não estão definidos os detalhes do projeto da termelétrica, como a sua capacidade de geração e o número de empregos gerados, por exemplo, mas destacou que já foram investidos US$ 4 bilhões e gerados 7,5 mil empregos no complexo com a construção da UPGN, que vai processar o gás natural, e os gasodutos.

Outro ponto destacado pelo executivo tratou sobre a criação de uma refinaria no Comperj, como esperado após acordo com a chinesa CNPC no ano passado. “A CNPC não tinha interesse no projeto”, afirmou Castello Branco. Ainda segundo o executivo, “seria contraditório a Petrobras estar vendendo suas refinarias e construir outra”. Ele acrescentou que estudos junto com a empresa chinesa CNPC mostraram que seria economicamente inviável a construção de uma refinaria no Comperj.

Fábrica de lubrificantes

O Comperj, que começou a ser ser construído em 2008 e teve investimentos de US$ 8,4 bilhões, está com as obras paradas desde 2015. Agora, com a retomada do Comperj, a expectativa é que as oportunidades de emprego retornem à região. A estatal confirmou a O DIA que estuda instalar uma fábrica de lubrificantes no Comperj a partir de uma conexão com a Refinaria Duque de Caxias (Reduc).

Ao invés de instalar novos equipamentos na Reduc, que vai passar por um processo de modernização, a ideia da estatal é ter um duto que parta da refinaria até o Comperj. “É um projeto da Petrobras e não tem investimento estimado ainda, é uma ideia”, afirmou Castello Branco.

De acordo com o presidente da estatal, a Petrobras quer investir US$ 6 bilhões, ao longo de quatro anos, na modernização do parque de refino. Se a venda das oito unidades, conforme previsto no Plano Estratégico 2020-2024, for bem-sucedida, a capacidade ficará concentrada em Rio de Janeiro e São Paulo.

De 118,13 milhões de m³ diários, 4,63 milhões foram queimados

A subutilização do gás natural tem chamado a atenção do governo, que começou a tomar medidas para não desperdiçar o excedente das plataformas, como a privatização de parte da rede de gasodutos da Petrobras, como a venda da NTS para a Brookfield e da TAG para a Engie e para a Caisse de Dépot et Placement du Québec (CDPQ). Para se ter uma ideia, a produção bruta de gás no Brasil em setembro foi de 118,13 milhões de metros cúbicos por dia, dos quais 40,49 milhões de metros cúbicos/dia foram reinjetados e 4,63 milhões de metros cúbicos/dia foram queimados.

Segundo estudo “Perspectivas do Gás Natural no Rio de Janeiro 2019-2020”, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), houve ainda 13,9 milhões de metros cúbicos diários consumidos nas plataformas produtoras e 4,08 milhões de metros cúbicos/dia absorvidos em unidades de processamento de gás, as Unidades Produtoras de Gás Natural (UPGNs). Ao fim, apenas 55,03 milhões de metros cúbicos diários foram efetivamente comercializados.

O estudo da Firjan mostra que só o Estado do Rio de Janeiro, maior produtor nacional de gás, reinjetou em agosto cerca de 35 milhões de metros cúbicos/dia, 12 milhões de metros cúbicos/dia a mais que a média de importação do país neste ano pelo Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol).

Acordo com a CNPC previa construção de refinaria

O acordo de modelo de negócios entre a Petrobras e a China National Petroleum Corporation International (CNPCI), subsidiária da CNPC, foi assinado em outubro do ano passado. Esse acordo previa uma parceria para a retomada das obras na refinaria do Comperj, atualmente descartada pela estatal, e investimentos de revitalização nos campos de petróleo da área de Marlim.

“Uma vez quantificados os custos e benefícios do negócio, pretende-se formar uma joint venture, que será responsável pela conclusão do projeto e pela operação da refinaria, com 80% de participação da Petrobras e 20% da CNPC”, informou a estatal em comunicado. Essa semana o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, afirmou em encontro com jornalistas que a CNPC não tinha interesse no projeto (refinaria).

Na época, o acordo com a chinesa também definia “a participação de 20% da CNPC no cluster de Marlim (concessões de Marlim, Voador, Marlim Sul e Marlim Leste), ficando a Petrobras com 80% de participação e se mantendo como operadora”.

“Este é um passo importante no desenvolvimento da Parceria Estratégica entre as companhias e sua efetiva implementação dependerá da conclusão dos estudos de viabilidade, com a respectiva decisão de investimento pelas partes no Comperj, bem como do sucesso das negociações dos acordos finais”, acrescentou a Petrobras na época. Segundo o presidente da estatal informou essa semana, o estudo mostra que seria economicamente inviável a construção de uma refinaria no Comperj.

Desde 2013, a Petrobras e a CNPC são parceiras na área de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos. Em 2017, o consórcio formado pela Petrobras (operadora, com 40% de participação), CNPC (com 20%) e BP (com 40%) também adquiriu o Bloco de Peroba.

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