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ECONOMIA > IPCA-15 tem maior alta para fevereiro desde 2016, mas sobe abaixo das expectativas do mercado

por Ornan Serapião
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Por Jovem Pan 
O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), considerado a prévia da inflação oficial do país, registrou uma alta de 1,23% em fevereiro, segundo dados divulgados nesta terça-feira (25) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado representa uma aceleração significativa em relação ao mês anterior, quando o índice subiu 0,11%, e é a maior variação para o mês de fevereiro desde 2016. No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 atingiu 4,96%, ultrapassando o teto da meta de inflação do Banco Central (BC), que é de 4,5%. O centro da meta é de 3%, com intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5%. Apesar da forte alta, o resultado ficou abaixo das expectativas do mercado financeiro, que projetava uma média de 1,34% para o mês.

O aumento de fevereiro foi impulsionado principalmente pelo grupo de Habitação, que subiu 4,34% e contribuiu com 0,63 ponto percentual (p.p.) para o índice. O principal destaque foi o reajuste de 16,33% na energia elétrica residencial, que sozinha impactou em 0,54 p.p. no IPCA-15. Esse aumento ocorreu após uma redução de 15,46% em janeiro, quando as tarifas foram beneficiadas pelo bônus de Itaipu. Além disso, as taxas de água e esgoto subiram 0,52% devido a reajustes tarifários em diversos estados.

Outro grupo que pressionou a inflação foi o de Educação, com alta de 4,78%, a maior variação percentual do mês. O reajuste das mensalidades dos cursos regulares foi o principal fator, com destaque para o ensino fundamental (7,50%), ensino médio (7,26%) e ensino superior (4,08%). O grupo de Alimentação e bebidas registrou alta de 0,61% em fevereiro, com impacto de 0,14 p.p. no índice. Apesar do aumento, houve desaceleração em relação a janeiro, tanto na alimentação no domicílio (0,63%) quanto na alimentação fora do domicílio (0,56%). Entre os alimentos, os maiores aumentos foram observados na cenoura (17,62%) e no café moído (11,63%), enquanto a batata-inglesa (-8,17%), o arroz (-1,49%) e as frutas (-1,18%) apresentaram quedas.

No grupo de Transportes, que subiu 0,44%, os combustíveis foram os principais responsáveis, com alta média de 1,88%. O etanol aumentou 3,22%, o óleo diesel 2,42% e a gasolina 1,71%. O gás veicular foi a exceção, com queda de 0,41%. Parte desses aumentos foi influenciada pela elevação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, que entrou em vigor em 1º de fevereiro.

Apesar de o IPCA-15 ter ficado abaixo das expectativas do mercado, o cenário ainda é desafiador para a política monetária. Economistas avaliam que a inflação segue pressionada por fatores como os reajustes tarifários e a alta dos preços de alimentos e combustíveis. Para o Banco Central, o desafio é manter a inflação dentro da meta, especialmente com a perspectiva de que o índice oficial (IPCA) possa fechar 2025 com alta de 5,65%, segundo projeções do mercado.

O IPCA-15 é uma prévia do IPCA, o índice oficial de inflação, e serve como indicador para a condução da política monetária. Enquanto o IPCA-15 coleta preços entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência, o IPCA considera o mês completo. O resultado oficial de fevereiro será divulgado em 12 de março. Com a inflação em patamares elevados, o governo e o Banco Central enfrentam o desafio de equilibrar o controle de preços com o crescimento econômico, em um cenário marcado por pressões tarifárias e incertezas globais.

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