O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) manteve suas taxas de juros na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano nesta quarta-feira (29), em decisão unânime que interrompeu uma sequência de três cortes consecutivos. A medida, amplamente esperada pelo mercado, ocorre em meio a pressões do presidente Donald Trump por reduções adicionais no custo do dinheiro.
Em comunicado, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) justificou a decisão ao destacar a estabilidade da taxa de desemprego em patamares baixos e a solidez do mercado de trabalho. “A taxa de desemprego se estabilizou em um nível baixo nos últimos meses, e as condições do mercado de trabalho permanecem sólidas”, afirmou o colegiado. A inflação, no entanto, “continua um tanto elevada”, acrescentou.
Desde sua posse em 20 de janeiro, Trump tem pressionado publicamente o Fed por cortes mais agressivos nas taxas de juros. Em discurso no Fórum Econômico Mundial, em Davos, o presidente afirmou: “Com os preços do petróleo caindo, exigirei que as taxas de juros caiam imediatamente”. No entanto, o Fed manteve sua postura independente, resistindo às demandas do Executivo.
A decisão do Fed tem reflexos globais, incluindo no Brasil. Juros elevados nos Estados Unidos tendem a fortalecer o dólar, o que pode reduzir o fluxo de investimentos estrangeiros para economias emergentes e pressionar o câmbio. Na primeira semana de Trump no poder, o dólar já havia se depreciado 2,43% frente ao real, fechando a R$ 5,86 na terça-feira (28). Além disso, a manutenção das taxas de juros nos EUA pode influenciar o Banco Central do Brasil a manter a Selic em patamares elevados por mais tempo, impactando o controle da inflação e o crescimento econômico no país.
O Fed sinalizou que continuará monitorando os dados econômicos e está preparado para ajustar sua política monetária conforme necessário. “O comitê busca atingir o máximo de emprego e inflação na taxa de 2% no longo prazo”, destacou o comunicado. Ainda assim, a incerteza sobre os impactos das políticas comerciais e fiscais de Trump no cenário global mantém o banco central em estado de alerta. Enquanto isso, o mercado financeiro projeta que novos cortes nas taxas de juros dos EUA só devem ocorrer a partir de junho, dependendo da evolução da inflação e das políticas econômicas do governo Trump.
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