A China e a União Europeia suspenderam por 60 dias as importações de carne e ovos de frango do Brasil, após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária de alta patogenicidade em uma granja comercial no país. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (16) pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. O foco da doença foi detectado em uma propriedade de reprodução de aves no município de Montenegro, na região metropolitana de Porto Alegre (RS). O caso envolveu 35 animais infectados pelo vírus H5N1. Segundo o ministério, todas as aves do local foram eliminadas e a área foi isolada. Um protocolo de emergência zoossanitária foi decretado, abrangendo um raio de 10 km ao redor da granja. A produção da região está temporariamente impedida de ser exportada.
De acordo com cláusulas contratuais firmadas com os importadores, a confirmação da gripe aviária exige a suspensão automática das compras como medida de precaução sanitária. Além de China e União Europeia, países como Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Argentina e Reino Unido também devem adotar restrições às importações do Rio Grande do Sul. Apesar do impacto, Fávaro destacou que o sistema de vigilância sanitária brasileiro é robusto e confiável. “Vários países já adaptaram seus protocolos para limitar as restrições apenas à região afetada. No entanto, alguns, como a China, mantêm cláusulas que exigem suspensão nacional temporária”, explicou o ministro.
Em viagem recente à China, o governo brasileiro negociou a ampliação da exportação de produtos de origem aviária, como miúdos, patos e peru. Com a suspensão, o Ministério da Agricultura deve divulgar o cálculo das perdas comerciais. O Rio Grande do Sul responde por cerca de 15% das exportações brasileiras de carne de frango. Em 2024, o país exportou US$ 10 bilhões (aproximadamente R$ 57 bilhões) em carne de frango, o equivalente a 35% do comércio global, com destaque para empresas como BRF e JBS, que vendem para cerca de 150 países.
O Ministério da Agricultura reforçou que o consumo de carne de frango e ovos continua seguro. “O risco de contaminação está restrito a pessoas que manipulam aves infectadas vivas ou mortas, como tratadores. Por isso, são necessários protocolos rígidos para esses trabalhadores”, afirmou Fávaro. A gripe aviária tem provocado prejuízos à avicultura mundial, afetando a produção em países como os Estados Unidos, onde cerca de 170 milhões de aves foram abatidas desde 2022. No Brasil, até então, os casos da doença se restringiam a aves silvestres. Este é o primeiro registro em sistema comercial. (JP)
Guilherme Martimon/MAPA