Por Flávia Brandão*
Fui convidada a escrever sobre o Dia do Trabalho. Desde então, algumas questões não saem da minha cabeça: como celebrar essa data em um país onde mais de 7 milhões de pessoas buscam, sem sucesso, uma oportunidade formal? Como ignorar os impactos da tecnologia, que avança a passos largos e extingue profissões tradicionais, como a dos porteiros, ascensoristas e tantos outros ofícios que, por décadas, fizeram parte da rotina das cidades? A modernidade pede passagem, e com ela vem a necessidade de adaptação.
Em vez de nos lamentarmos por um processo que se mostra irreversível, talvez seja o momento de nos reinventarmos. É preciso reconhecer e valorizar o trabalho em todas as suas formas, não apenas aquele formalizado por uma carteira assinada. Há milhões de brasileiros que, mesmo sem registro, acordam cedo, enfrentam desafios e seguem firmes em busca de sustento e de uma vida melhor para si e para suas famílias. São autônomos, pequenos empreendedores, prestadores de serviços, profissionais criativos e trabalhadores informais, que fazem a economia girar silenciosamente.
O Dia do Trabalho é um convite à reflexão sobre as transformações atuais e sobre a urgência de criar condições mais justas e inclusivas para todos, afinal, o emprego exige trabalho, mas nem todo trabalho exige emprego — e esse fato, por si só, merece ser reconhecido, respeitado e celebrado.
*Flávia Brandão Pereira, é pedagoga, residente em Ilhéus e colabordora deste site
