Uma noite de reflexões, regadas a manifestações artísticas, marcou a sessão solene pelo Dia da Consciência Negra, na Câmara de Itabuna. Proposto pela vereadora Wilma de Oliveira (PCdoB), o evento trouxe como tema “Racismo e sexismo na sociedade brasileira”.
Em discussão, a série de entraves vencidos por mulheres negras no mercado de trabalho, na família e na sociedade em geral. “Precisamos levar o tema do racismo para debater na escola, um espaço importante para transformar mentes e corações; temos que fazer o enfrentamento pela representação do nosso povo preto”, afirmou Wilma.
Um ponto em comum na trajetória das convidadas: a educação como saída para trilhar caminhos vitoriosos, sempre com a missão de contribuir na luta antirracista. Entre as presentes, a reitora da UFSB (Universidade Federal do Sul da Bahia), Joana Guimarães.
Num discurso inspirador, ela contou ter saído de Itabuna com a família aos 15 anos, quando o pai ficou desempregado. Graças à mudança, pôde estudar em Salvador, ter uma formação e tem consciência da baixa presença de mulheres nos espaços de poder aos quais chegou. “Não porque não menos inteligentes; é porque faltam oportunidades”, ponderou.
A secretária de Educação de Itabuna, professora Adriana Tumissa, comentou sobre a ainda tímida autoidentificação de pessoas negras. Segundo ela, em mais de 20 mil alunos da rede municipal, apenas 6,5% se declaram pretos. “Basta olhar em volta e sabemos que número não é real”, observou.
Por novo cenário
Professora da rede pública, Maria Domingas trouxe de autoras negras que debatem o racismo estrutural, em suas diversas manifestações. Sobre preconceitos relativos à cor da pele, sexismo e questões de classe, ele conclamou: “precisamos assumir espaços onde é permitido ocupar”.
Pastora e professora, Lucília Lopes referiu-se à baixa representatividade de mulheres na liderança de igrejas, inclusive mulheres negras. “A minha voz feminina incomoda e ela não é a mais ouvida nos púlpitos”, assinalou.