O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, vive o seu canto de cisne. Um apático político sem base em Minas, eleito senador por um casuísmo eleitoral e sem nenhuma condição de buscar uma reeleição chega ao final de forma deplorável. Abandonou a defesa da casa e dos seus pares, passando a agir como o 12º Ministro do STF, ou como se integrasse o colegiado do TSE. A sua eleição foi um dos maiores erros do Governo Bolsonaro, a quem traiu despudoradamente. Foi mordido pela mosca azul e achou que poderia ser o nome da terceira via e concorrer à Presidência da República. Foi rifado por Gilberto Kassab e passou a alimentar o sonho de ser reeleito. Para isso tem sido um segundo mascate do governo eleito seguindo os passos de Davi Alcolumbre, seu antecessor e atual presidente da CCJ, uma comissão vital e que em 2022 só se reuniu cinco vezes. Número pífio pela pauta de altas responsabilidades que se encontram congeladas. Entre elas: os vários pedidos de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, projetos que restringem decisões ministrarias das altas cortes e outras que restauram a soberania do legislativo. Na nova legislatura, o Senado terá um novo perfil e as chances de Rodrigo Pacheco ser vitorioso no seu intento de reeleição diminuíram a medida que a sua postura servil se manifesta. Temos hoje não só um presidente do Senado, mais um presidente do Congresso, que, apesar da sua alta estatura física, se apequena a cada desdém com tramitação das medidas saneadoras que restaurariam a altivez do parlamento. O ataque vai além da defesa dos congressistas e da imunidade para exprimir suas opiniões. Quem sofre ataque agora são os partidos, célula master da vida política. E o que o Pacheco faz? Cruza os braços e sepulta a sua biografia. Ele hoje envergonha os mineiros e não apenas parte do atual Senado e da bancada que será empossada em 2 de fevereiro. Resta aos seus opositores, por enquanto em pequeno número, obstruir as votações e esperar que a nova mesa restaure a dignidade do Congresso, hoje presidido por alguém que só pensa em manter a Presidência da Casa e os privilégios que acompanham o cargo.
Texto de Claudio Magnavita.
Publicado originalmente no Correio da Manhã.
JCO