Em um vídeo de mais de quinze minutos, o ex-secretário de governo de Jair Bolsonaro e seu ex-braço direito Gustavo Bebianno rebateu a versão de que ele teria sido o responsável por um dossiê para para impedir que o hoje deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP) fosse candidato a vice-presidente nas eleições de 2018.
Segundo ele, Bolsonaro recebeu “de um delegado federal e um coronel do Exército” informações contra “o príncipe”, como é chamado parlamentar por ser descendente da família real que governou o Brasil antes da proclamação da República. De acordo com Bebianno, o dossiê incluía imagens do deputado em uma “suruba gay” e relatos de agressão a moradores de rua – algo que ele considerou “surreal” na ocasião.
Bebianno conta que recebeu uma ligação de madrugada de Bolsonaro para falar sobre o dossiê que havia recebido, em uma conversa que foi testemunhada pelo deputado Julian Lemos (PSL-PB). No dia seguinte, sempre conforme narra Bebianno, o então pré-candidato à Presidência descartou o nome de Bragança para compor a chapa e pediu que seu então braço direito o comunicasse da decisão.
O ex-secretário de governo acrescenta que o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, também participou de uma conversa que Bebianno teve com Bragança, enquanto Bolsonaro estava internado em São Paulo para se recuperar do atentando que sofreu na campanha, para rebater a versão de que ele seria autor do dossiê. “O Carlos foi obrigado a dizer para o príncipe que era aquela a verdade.”
Bebianno ainda desafiou o presidente Bolsonaro a passar por um detector de mentiras. “Dizer que eu montei dossiê? Presidente, eu quero ver se o senhor tem coragem de olhar nos meus olhos e dizer isso pra mim”, afirmou. “O seu mandato não lhe outorga poderes para atacar as pessoas e denegrir a imagem das pessoas como o senhor tem feito”, concluiu.
De acordo com a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, Bolsonaro manifestou seu arrependimento com a decisão diante de deputados do PSL na reunião em que anunciou sua saída da sigla. “Príncipe, estou te devendo eternamente”. Ele respondeu: “O que é isso. Deve nada, presidente!”. O presidente insistiu, comparado a situação a um casamento: “Devo sim. Você deveria ter sido meu vice, e não esse Mourão aí. Eu casei, casei errado. E agora não tem mais como voltar atrás”.
(Veja)