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Ascensão e Calvário de uma Instituição Modelar.

por Ornan Serapião
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Por Cláudio Apê A. Freire

A Comissão Executiva do Plano de Recuperação Econômico-Rural da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) foi fundada em 20 de fevereiro de 1957, durante o governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira. Criada com o objetivo inicial de sanear as dívidas dos produtores de cacau, a instituição atuou como uma entidade creditícia em parceria com o Banco do Brasil. No entanto, sua atuação rapidamente ultrapassou o âmbito financeiro, assumindo um papel central no desenvolvimento técnico e científico da lavoura cacaueira. Por meio de pesquisa, extensão rural e ensino, a CEPLAC tornou-se um marco na agricultura tropical, alcançando reconhecimento internacional.

Financiada por uma taxa sobre as exportações de cacau (inicialmente de 15%, posteriormente reduzida a 10%), a CEPLAC construiu uma estrutura autossustentável que garantiu eficiência e prestígio. Seus funcionários orgulhavam-se de integrar uma instituição que não apenas impulsionava o desenvolvimento econômico da região cacaueira da Bahia e de outros estados, mas também contribuía para o avanço científico do setor agrícola. Contudo, a partir da década de 1980, a perda de sua autonomia financeira e a crescente dependência do orçamento federal marcaram o início de um declínio que se aprofundaria nas décadas seguintes.

A crise da CEPLAC foi agravada pela praga da vassoura-de-bruxa, que devastou as plantações de cacau entre o final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Sem recursos suficientes para enfrentar o desafio, a instituição viu sua capacidade de atuação ser drasticamente reduzida. Hoje, a CEPLAC é uma sombra do que já foi, limitando-se a um departamento do Ministério da Agricultura, com pouca influência e recursos para cumprir sua missão original.

Neste aniversário da CEPLAC, um apelo pela reestruturação da instituição torna-se imperativo. O cacau e o chocolate têm potencial para se tornarem vetores de desenvolvimento econômico e social, gerando divisas, empregos e renda. Em um país marcado por desigualdades, a revitalização da CEPLAC poderia beneficiar não apenas a região cacaueira, mas toda a nação brasileira. A instituição, outrora modelo de excelência, pode e deve renascer como um símbolo de inovação e sustentabilidade, oferecendo um futuro mais promissor para o setor agrícola e para o Brasil.

*Cláudio Apê A. Freire, é ITABUNENSE, Engenheiro Agrônomo tendo prestado relevantes  serviços à CEPLAC como extensionista. Foi  para Salvador pelo Ministério da Agricultura, onde atuou como Chefe do Serviço  Sanitário e Vegetal,  tendo se aposentaedo como Auditor Fiscal Federal Agropecuário  pelo MA. Hoje, reside na capital baiana.

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