Por Luiz Ferreira da Silva
Tenho uma identidade muito grande com o mar. Nasci em Coruripe de
praias lindíssimas. Vim morar em Maceió e cresci me deleitando com a beleza
da praia da avenida. Fui para o Rio de Janeiro e tomei muitos banhos na praia
de Itacuruçá. Conclui meu curso de agronomia na UFRRJ e fui prestar serviços
no Sul da Bahia, usufruindo das águas límpidas do mar de Ilhéus. Aposentado,
voltei à terra dotada de uma orla sem igual, tanto na capital, quanto no litoral de
norte a sul.
Então:
*. Sou do tempo das praias sem calçadão, sem semáforo e sem luzes de
led.
*. Sou do tempo das praias com ouriços, areias brancas e salsas para se
brincar de “saltar corda”.
*. Sou do tempo do “pegar jacaré”, pular dos trapiches e descer das dunas
em palhas de coqueiros.
*. Sou do tempo de olhar o céu estreado, comer peixe frito e buscar
castanhas.
*. Sou do tempo de pegar siris com jereré, guaiamuns nas restingas com
latas de óleo e comer guajurus.
*. Sou do tempo do banho morno das tardes, emanando saúde salitrada,
sem plásticos boiando e nem garrafas pet.
*. Sou do tempo do caminhar rés aos mangues, ouvindo o barulho dos
aratus nas árvores, os caranguejos peludos se enlameando e as aves se
alimentando das piabinhas.
*. Sou do tempo de se ouvir o ronco do mar, do apanhar conchinhas e do
se escaldar sob o sol inclemente.
*. Sou do tempo dos vendedores de bolo em fatias, dos pés de moleques
nas folhas de banana e beijus chapéu de coro.
Enfim, como vês, caro leitor, não existe mais a minha praia!
(Maceió, 19.04.2024).
*LUIZ FERREIRA DA SILVA (luizferreira1937@gmail.com), é Pesquisador aposentado na empresa CEPLAC, Estudou na instituição de ensino UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, mora em Maceió e colabora com este site.