Criança na bonança
Da produção farta dos “frutos de ouro!”
Na curiosidade dos anos 60
Na subida da ladeira
Apostando com o seu irmão
Qual o caminhão carregado
De cacau a chegar no topo
Primeiro!
Com destino a Ilhéus…
Coisa de menino
Ouvindo da Igreja São José
O tocar dos sinos…
Roquete, Mecedes, FNM
e GMC…
Faziam a festa na subido
Da ladeira…
Cobertos pela poeira…
Era bom de se vê
Hoje só lembranças
No embarque do cacau
De carrocerias abertas
E sacos de alinhagem
Soltos e expostos…
Exalando o cheiro do cacau
Frutos do bem e do mal
Como era bom sentir
O cheiro do cacau
Misturado à poeira do chão
Da praça…
Nas forças dos motores
E tração dos caminhões…
Cacau do sangue… E de raça!
Era cacau realidade…
Não cacau ilusão!
Saudade de infância
Representada na dor
De minhas lágrimas
Da falta dos meus pais
Dos meus irmãos!
Como dói meu coração
E a minha alma
Nesta terra sem cacau
E sem canção…
*Joselito dos Reis é poeta, redator do blog expresaãounica, um dos fundadores do Clube do Poeta do Sul da Bahia e colaborador deste site