O juiz Juan Merchan, do Tribunal Distrital de Nova York, negou o pedido da defesa do ex-presidente Donald Trump para arquivar a acusação de suborno envolvendo ele e a atriz pornô Stormy Daniels. O caso remonta às eleições presidenciais de 2016. O juiz também determinou que a data de julgamento previamente estabelecida, marcada para 25 de março, deve ser mantida. Logo após entrar na Corte, Merchan descartou o pedido da defesa de Trump para rejeitar as acusações contra e determinou que o cronograma já estabelecido deveria ser seguido. A defesa do ex-presidente protestou imediatamente, com um dos advogados classificando a decisão como uma “grande injustiça”.
Um dos membros da equipe jurídica de Trump, Todd Blanche, tentou argumentar que a defesa precisaria de mais tempo para se preparar para o caso, já que estaria concentrada em outra acusação federal, em andamento na Justiça de Washington. Ele afirmou que o cronograma apresentado colocava a defesa e Trump em uma situação impossível, especialmente em relação à seleção imediata dos jurados que julgarão o caso. Durante a sessão, Trump acompanhou os procedimentos de forma impassível, sem interromper o juiz ou seus advogados. Antes de entrar na sala do tribunal, conversou com repórteres e afirmou abertamente que seu objetivo era “atrasar o processo, obviamente”, devido à corrida eleitoral em curso.
Até o momento, as várias frentes jurídicas enfrentadas por Trump, que acumula 91 acusações criminais, não afetaram sua popularidade, e as pesquisas o apontam como favorito em uma possível disputa contra o atual presidente Joe Biden em novembro. As acusações contra o bilionário estão relacionadas ao pagamento de US$ 130 mil em 2016 à atriz pornô Stormy Daniels para mantê-la em silêncio sobre um suposto caso extraconjugal. Os pagamentos em si não são ilegais, mas Trump os registrou como “honorários jurídicos” nas contas de sua empresa, a Trump Organization.
Além disso, segundo documentos judiciais, o político republicano também comprou o silêncio de outras duas pessoas. Ele pagou US$ 30 mil a um porteiro da Trump Tower que afirmava ter informações sobre o filho de Trump de um relacionamento extraconjugal, e outros US$ 150 mil a uma mulher que alegava ter tido um caso com o ex-presidente. Trump se declarou inocente das acusações em abril do ano passado e afirma ser vítima de uma “caça às bruxas” para impedir seu retorno à Casa Branca. O bilionário criticou o juiz Merchan, que já abriu outro processo contra a empresa familiar por fraude fiscal em 2022.
Publicada por Felipe Cerqueira/JP